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A melancolia da mortalidade em “Lucky”

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Debutando na cadeira de diretor, John Carroll Lynch concebe o filme “Lucky”, sobre um nonagenário (Harry Dean Stanton) que nunca teve uma família e vive seus dias de rotina em um pequena cidade do interior dos EUA. Seus dias consistem em exercícios de yoga após acordar, tomar um copo de leite, ir no pequeno restaurante local, tomando um café e fazendo suas palavras cruzadas, ver game shows na sua TV e tomar um Blood Mary no fim do dia com amigos em um bar. Essa rotina é quebrada quando cai sozinho em casa pela manhã e seu médico fala que, apesar de aparentar uma ótima saúde, a idade dele já está avançada e que a qualquer momento pode falhar.

O filme mostra a relação de uma pessoa de idade com a sua mortalidade, que apesar da aparente tranquilidade sobre o assunto, causa-lhe imenso temor. Quando um amigo dele (o cineasta David Lynch fazendo bico de ator) diz que perdeu seu cágado centenário, existe uma metáfora sobre o sentimento de imortalidade que os personagens do filme – grande parte deles de idades avançadas – possuem e que batem bastante ao protagonista, principalmente por ter boa saúde e se cuidar o máximo possível.

A reflexão sobre essa crença (desejo?) de imortalidade inerente a nós, não importa a faixa etária, permeia o longa. Tanto que não é contada uma história tradicional de três atos dentro de sua relativamente curta duração (1h28). Embora seja de um tema um tanto melancólico, a rabugice do protagonista torna a fita mais leve e engraçada, o que é um dos seus pontos fortes.

O tema da finitude humana acabou sendo o discurso final do ator, que acabou falecendo em setembro último. O papel, inclusive poderia entrar na concorrência dos nominados dos prêmios da Academia, que seria uma bela homenagem a esse brilhante ator.

Filme: Lucky
Direção: John Carroll Lynch
Elenco: Harry Dean Stanton, David Lynch, Ron Livingston
Gênero: Drama
País: Estados Unidos
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Imovision
Duração: 1h 28min
Classificação: 16 anos

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