Como é impraticável conceber uma nova versão cinematográfica de Rei Arthur, restam alternativas como contextualizar a trama na época em que a lenda surgiu, como no filme de 2004 estrelado por Clive Owen e a versão pós-moderna pilotada por Guy Ritchie e essa nova releitura infanto-juvenil O Menino que Queria Ser Rei. Mas não se trata de uma adaptação da história para um contexto contemporâneo, e sim uma “continuação” do mito da espada Excalibur encontrando um novo escolhido.
Dessa vez, a escola da velha magia encontra o mundo moderno em que vive Alex (Louis Ashbourne Serkis), que acredita ser apenas mais um ninguém, até que ele se depara com uma espada presa a uma na pedra. Ao descobrir ser a mítica Excalibur, agora ele deve unir seus amigos e inimigos de uma escola inglesa do ensino fundamental em um bando de cavaleiros e, junto com o lendário mago Merlin (Sir Patrick Stewart), enfrentar a perversa feiticeira Morgana (Rebecca Ferguson). Com o futuro da Grã-Bretanha em jogo, Alex deve se tornar o grande líder que ele nunca sonhou que poderia ser.
Tendo a garotada como alvo, o clima aqui é de sessão da tarde assumida, embora em um momento ou outro fique evidente alguma pretensão de algo maior que parece não se ter conseguido atingir. Por vezes lembra até alguns clássicos dos anos 80 como Os Goonies e Enigma da Pirâmide. Por outro lado, falta um pouco de substância à diversão, que peca pela inverossimilhança e apresenta efeitos especiais pouco convincentes, que parecem saídos de um telefilme da década de 1990. Os paralelismos com passagens clássicas da história de Arthur divertem em boa parte, mas em alguns momentos é notável a falta de tom adequado.
O diretor Joe Cornish, responsável pelo interessantíssimo Ataque ao Prédio, de 2011, comanda a produção sem correr riscos, da mesma forma que assinou o roteiro. As atenções se voltam para a estreia do garoto Louis Ashbourne Serkis, filho de Andy Serkis, no papel do protagonista. Se não chraga a ser brilhante, também não compromete o resultado. Mas como toda grande produção estrelada por jovens, há um ator veterano para segurar as pontas e dar credibilidade. Aqui no caso é Patrick Stewart como o mago Merlin. Resta saber como será a reação da geração pós-Harry Potter, à que o filme se destina, a essa modernização dos contos arturianos. Se aprovada, a continuação já é garantida.
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