CríticasFilmes

“Os Mercenários 4” mantém a falta de compromisso em alta octanagem

Compartilhe
Compartilhe

A franquia Os Mercenários nasceu de uma ideia do roteirista David Callaham e do ator Sylvester Stallone, com o intuito de resgatar aquele cinema de brucutu, que encheu os cofres dos estúdios nos anos 1980. Aquelas películas primavam pela falta de compromisso com a realidade, ação desmedida, e tinha Stallone e Arnold Schwarzenegger como os principais nomes. Além deles constavam Bruce Willis, Chuck Norris, Dolph Lundgren, sem falar na vasta gama de genéricos. O primeiro longa (2010), apesar de não ser exatamente um primor no que tange a roteiro e atuações (e qual daqueles títulos do gênero eram?), tinha como grande chamariz juntar gerações de action heroes, desde Sly, Schwarza e Willis, até os então relativamente jovens Jet Li e Jason Statham, Para nós brasileiros ainda tinha como chamariz a atriz mexicano-brasileira Gisele Itié e locações no Parque Lage, no Rio de Janeiro, e em Mangaratiba.

Já em “Os Mercenários 4” (ou “Os Mercen4rios” se você preferir), o icônico grupo de mercenários liderado por Barney Ross (Stallone) embarca em uma nova missão: impedir a ativação de um arsenal que pode dar início da Terceira Guerra Mundial. Quando as coisas saem do controle, Christmas (Statham) e os membros da equipe – Gina (Megan Fox), Gunner (Lundgren), Toll (Randy Couture), Galan (Jacob Scipio), Easy Day (50 Cent) e Lash (Levy Tran) – são recrutados para impedir que o pior aconteça.

Depois da pândega oitentista e noventista dos três primeiros filmes, esse quarto episódio parece mirar em uma nova geração, de modo a garantir uma possível longevidade da franquia. É quase que um spin-off de “Mercenários”. E isso pode irritar aqueles que se engajaram na série justamente por ser a plataforma para os veteranos do cinemão de ação. Apesar de Statham, Scipio e até 50 Cent funcionarem bem, ainda falta algo que faça o espectador pular da cadeira de alegria como a aparição de Chuck Norris, por exemplo.

O roteiro escrito por Max Adams, juntamente com Kurt Wimmer e Tad Daggerhart (dupla que também criou o argumento), é tão genérico e desprendido da lógica e da verossimilhança quanto os anteriores. Mas sem os diálogos impagáveis naquele clima de festa de reencontro da velha guarda, essa fragilidade narrativa acaba ficando mais sobressalente. Todavia, houve o cuidado de ao menos manter o humor e as cenas de ação literalmente explosivas de um tempo em que do cinema de ação não se exigia tanto tutano, e isso não prejudicava em nada a diversão.

A produção peca por uma direção de pouca personalidade, assinada pelo cineasta Scott Waugh, de “Need For Speed” e do recente “Projeto Extração”. Ele não foi além de seguir a receita de bolo executada por Stallone no primeiro filme, Simon West no segundo e Patrick Hughes no terceiro. No entanto, seu trabalho com os atores não acaba o clima de ação entre amigos estabelecido e a química entre a equipe é bem explorada.

O protagonismo recai mesmo sobre Statham, o que já parecia estar sendo indicado no primeiro longa. O ator até consegue um bom aproveitamento sob os holofotes, com a canastrice necessária para o papel, algo que Megan Fox, sua companheira na trama, também esbanja. Mas ao contrário de “Tartarugas Ninja”, aqui essa “qualidade” é bastante bem-vinda. E como casal eles possuem um divertido entrosamento, embora bastante caricatural.

Dizer que “Os Mercenários 4” abusa dos clichê do gênero seria redundante, pois a série os tem como sustentáculo. Podemos afirmar que a fórmula até funcionou desta vez, mas já demonstra um certo desgaste. Se for mesmo uma despedida, como se especulou, é um encerramento coerente. Mas sendo o caso de prosseguir, há de se ter cuidado para que não caia na mesma armadilha de franquias como “Velozes e Furiosos” e “Transformers”. Melhor sair por cima.

Os Mercenários 4

Os Mercenários 4
6 10 0 1
Nota: 6/10 - Bom
Nota: 6/10 - Bom
6/10
Total Score iBom
Compartilhe

Comente!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
CríticasFilmes

Wicked faz transposição acertada do palco para a telona

Adaptação de musical da Broadway para o cinema é sempre uma manobra...

CríticasLiteratura

Como Treinar o Seu Dragão e Como Ser um Pirata – Uma jornada hilária e cheia de significado

Na época dos vikings todos os adolescentes deviam demonstrar suas habilidades caçando...

ClássicosCríticasFilmes

Joe Kidd (1972): Entre o Clássico e o Revisionismo do Faroeste

O faroeste, como gênero, sempre refletiu o seu tempo, ora reverenciando o...

AgendaFilmes

Mostra CineMina apresentará filmes de diretoras brasileiras no Estação NET

A Mostra CineMina apresentará em pré-estreia nove filmes brasileiros dirigidos por cineastas...

FilmesInfantilTrailersVideos

Como Treinar o Seu Dragão: live-action ganha primeiro trailer

Os fãs da saga “Como Treinar o Seu Dragão” têm motivos para...

FilmesNotícias

Ainda Estou Aqui bate 1 milhão de espectadores nos cinemas do Brasil

O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, superou a marca...

AnimeCríticasTV

Dandadan: O anime que vai te deixar de queixo caído!

O último trimestre de 2024 trouxe um anime de peso especial, e...

FilmesNotícias

Filme de Star Wars sai do calendário 2026 da Disney

O drama de Star Wars parece mesmo longe do fim. Apesar de...