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Para o bem e para o mal, “Steve Jobs” reflete o homem e sua controvérsia

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Não espere uma cinebiografia tradicional de um homem como Steve Jobs. Sua complexidade já era um tanto emblemática em vida, o que quer dizer que qualquer personificação cinematográfica sua – especialmente após sua morte decorrida de um agressivo câncer no pâncreas – deveria, no mínimo, dar cabo desse misto de contradição e genialidade que gritava em sua controversa personalidade.

O roteirista Aaron Sorkin (A Rede Social, O Homem que Mudou o Jogo) adaptou a biografia escrita por Walter Isaacson em três atos que perpassam os lançamentos de seus icônicos produtos: o Macintoch, a NeXT e o iMac. Uma boa sacada que coloca o empresário (com a precisão fundamental de Michael Fassbender) em perspectiva do visionário que foi.

É impressionante como a direção estilística de Danny Boyle torna a medida de sua radiografia um tanto congruente com a espetacularização midiática empreendida por Jobs, em contraste com os paradoxos psíquicos com que lidava com sua vida pessoal (em especial no trato com a filha e com o ex-sócio Steve Wozniak). Aliás, vale dizer, que tanto o roteiro quanto a direção conseguem margear suas questões emocionais com a dignidade de um relato, e não com uma abordagem sensacionalista.

A narrativa e o frescor da montagem pontuam menos a veracidade dos fatos, e mais uma contextualização de quem era Jobs nas coxias de sua própria vida, até por isso é fundamental a figura da personagem de uma envelhecida Kate Winslet. Há sim, alguns excessos nessa busca do roteiro em acampar tamanha complexidade, mas Steve Jobs é um filme que só reflete a grandiloquência, a irregularidade e o brilhantismo de seu personagem. Se fosse um filme perfeito, jamais faria jus a dimensão errônea e bem sucedida de Job

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