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“Pedro Coelho” encanta com seu humor infantil e ótimos efeitos visuais

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Obra mais conhecida de Beatrix Potter, “A História do Pedro Coelho” foi lançada em 1902 e até hoje entretém crianças e (por que não?) adultos com sua história singela sobre as desventuras de um coelho fofinho que vive a atazanar um velho fazendeiro no interior da Inglaterra. O livro também chamou atenção pelas belas imagens criadas por Potter, que se tonaram referência para muitos ilustradores, que se inspiraram nos desenhos para criar seus próprios trabalhos. Portanto, nada mais natural de que o universo idealizado há 116 anos acabasse se transferindo para outro tipo de mídia, no caso o cinema.

Só que, para conseguir manter algumas de suas características e, ao mesmo tempo, ter um ar mais “moderno” que se comunicasse com o público atual, era necessário se valer de recursos tecnológicos que não eram possíveis há (pelo menos) duas décadas atrás. Felizmente, “Peter Coelho” (“Peter Rabbit”, 2018) é bem sucedido em ser um filme que chama a atenção dos pequenos, mas não entedia os mais velhos com uma divertida e cativante comédia que traz os elementos criados por Potter, aliados a uma ótima animação criada por convincentes efeitos visuais que proporcionam uma boa interação entre atores reais e animais virtuais.

Assim como no livro, a trama mostra os planos de Pedro Coelho para invadir o jardim do rabugento Sr. McGregor (Sam Neill) e pegar os vegetais que são cultivados em sua horta, junto de suas irmãs Flopsy, Mopsy e Cotton-Tail, além de seus outros amigos do campo. Sempre que se metem em confusão, Pedro e sua turma são protegidos por Bea (Rose Byrne), vizinha do Sr. McGregor que adora os animais. Tudo ia bem até o dia em que surge Thomas (Domhnall Gleason), o sobrinho de McGregor que resolve assumir a propriedade, após um colapso causado por um incidente em seu trabalho em Londres.

Meticuloso e obcecado por limpeza, Thomas complica ainda mais a vida de Pedro e seus companheiros, ao mesmo tempo em que começa a se envolver com Bea. A aproximação de sua protetora com o seu novo inimigo deixa o coelho morto de ciúmes e ele decide se livrar de seu oponente usando todos os meios necessários, começando uma verdadeira guerra campal.

O que chama a atenção em “Pedro Coelho” é que o filme, mesmo com todas as suas cenas cômicas, mantém a mensagem de amor à natureza e à vida simples, que existe nos livros de Potter, algo que deve ser visto como algo positivo a ser passado para o seu público, especialmente ao infantil.

Esse mérito é obtido pelo diretor Will Gluck – que tem em seu currículo produções como “Amizade Colorida” e “Annie” – e lança mão de um humor mais inocente e que não apela (tanto) para piadas de baixo calão, embora crie sequências nitidamente inspiradas em outras comédias, especialmente “Esqueceram de Mim” e “Vizinhos”, mas nunca esquecendo de que precisa ser um “filme para toda a família”.

Além disso, Gluck (também autor do roteiro, ao lado de Rob Lieber) não se esquece de parte do público também é adulto e oferece alguns elementos que deixam “Pedro Coelho” também saboroso para este tipo de espectador, como metalinguagem, quebra da quarta parece (os personagens falam direto para a câmera em alguns momentos), além de brincar com alguns clichês cinematográficos.

Os roteiristas também acertam em mostrar Peter como um protagonista imperfeito, que comete diversos erros durante a trama e toma medidas, no mínimo, questionáveis. Os personagens coadjuvantes também são ótimos, como o galo irritado e que demonstra toda a sua insatisfação em ter que “cantar” toda vez que o sol nasce (e lhe traz consequências nem sempre agradáveis, segundo ele), e o porquinho guloso que tenta convencer a todos de que está fazendo dieta. Essa humanização dos animais também conta para criar uma cumplicidade entre o público e o que está sendo mostrado na telona.

O outro grande trunfo de “Pedro Coelho” está no alto nível do uso de CGI. O trabalho apresentado pela equipe da Sony Pictures Animation oferece uma qualidade comparável à realizada para o recente “As Aventuras de Paddington 2”, embora seja ainda mais complexo por lidar diversas espécies ao mesmo tempo em cena muitas vezes.

Assim, é possível ver de forma bastante realista até mesmo os pelos de Pedro e de seus familiares. O único porém está que eles realizam alguns movimentos acrobáticos que não são possíveis pela falta de peso que lhes é aferida. Mas isso é um mero detalhe.

Como a sessão do filme para a imprensa foi com uma versão dublada, fica difícil avaliar a atuação do elenco que fez as vozes dos animais. Mas dois detalhes chamam bastante a atenção. Um deles está na caracterização de Sam Neill e de Domhnall Gleason. Enquanto o astro de “Jurassic Park: Parque dos Dinossauros” aparece quase irreconhecível por trás de uma barba longa e grisalha, o General Hux dos novos filmes da saga “Star Wars”, mostra que gosta de ser um verdadeiro camaleão e surge completamente diferente dos outros personagens que já fez recentemente, além de se mostrar ótimo na comédia física. O outro detalhe é ver Rose Byrne num papel bem mais ingênuo do que costuma fazer e a atriz se esforça para que sua inocência seja crível durante a história.

“Pedro Coelho” consegue, no fim das contas, cativar com a sua visão simples e “fofa” do mundo, servindo como ótimo passatempo descompromissado, que, se não é memorável, tem o mérito de render uma diversão genuína, que vai agradar principalmente às crianças, que podem até se interessar mais pelo universo criado por Beatrix Potter e procurar pelos seus livros. Vale lembrar que na versão dublada algumas das canções são interpretadas pelo grupo Rouge, que voltou à ativa recentemente.

Filme: Pedro Coelho
Direção: Will Gluck
Elenco: Rose Byrne, Domhnall Gleeson, Sam Neill
Gênero: Comédia/Animação
País: Reino Unido/EUA
Ano de produção: 2018
Distribuidora: Sony Pictures
Duração: 1h 35 min
Classificação: Livre

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2 Comentários

  • Eu acho que Rose Byrne fez um ótimo trabalho como a voz de Bea. Eu definitivamente a veria novamente para dar mais atenção aos detalhes que eu não percebi. Personalmente considero um dos melhores lançamentos 2018 . Gostei muito por que não é tão previsível como outras.

  • O filme é simplesmente perfeito. Tem cernas fortes e mostra que realmente nada é impossível, Pedro Coelho está emHBO filmes, é um bom filme para assistir com a família. Filme divertido, ambientação impressionante, filme excelente, com cenas marcantes sem exagero, e momentos emocionantes em dosagem certa, muito bom!

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