A Rio2C 2024 apresentou na sexta-feira (7) um painel com o cineasta e animador Carlos Saldanha, responsável por animações como “A Era do Gelo”, “Rio”, “Touro Ferdinando”. Carioca de Marechal Hermes, é um dos nomes brasileiros mais célebres da indústria cinematográfica internacional. O cineasta relembrou sua trajetória à frente do estúdio Blue Sky, pertencente à Fox, descontinuado após a compra pela Disney, até seus trabalhos em live-action no qual se inclui o vindouro “Harold e o Lápis Mágico”, com Zachary Levi.
“Touro Ferdinando” é lembrado com carinho por ter sido o último trabalho lançado pelo estúdio de animação, baseado no livro que contava a história de um touro que não queria lutar em touradas, com uma temática pacifista que prega o respeito às diferenças. A Disney lançou um curta-metragem em 1938 e Saldanha conta que procurou fazer algo diferente.
Sobre sua incursão na seara dos live-actions, o diretor conta que teve uma experiência com a série da Netflix “Cidade Invisível” -que aborda o universo das lendas brasileiras – que o deixou com a sensação de que era muito fácil produzir filmes com atores. Ele também havia dirigido um segmento dentro da compilação de curtas “Rio, Eu Te Amo”, mas que levou apenas dois dias de filmagens, com dois atores. Já “Harold e o Lápis Mágico” – que conta a história de um personagem que consegue dar vida a qualquer coisa ao desenhá-la dentro das páginas do livro que habita e vai parar no mundo real – viu o quão difícil era a tarefa. “Quis nunca mais fazer um live-action”, disse aos risos.
Em coletiva para imprensa, Saldanha contou à Ambrosia que “A Era do Gelo 2” foi um divisor de águas, seu primeiro projeto como único diretor (o anterior ele havia sido codiretor, ao lado de Chris Wedge). “Foi uma responsabilidade muito grande. Eu tinha um tempo de fazer muito curto, porque geralmente um filme de animação leva quatro anos, A Era do Gelo eu tive que fazer em dois, e foi uma loucura. Apesar de ter sido uma loucura, foi um grande desafio e uma forma de eu me lançar para um grande mercado de animação. Então tem um gostinho especial para mim esse projeto.”
O diretor também revelou à Ambrosia qual cena de animação que mais o deixou orgulhoso de ter feito. “No ‘Rio 2’ a gente fez as cenas musicais, deu muito trabalho de coreografar, várias araras, a gente estava na Amazônia, aquela coisa toda. Os Barbatuques foram para Los Angeles para gravar, então foi muito legal fazer isso, foi um grande desafio, que tiveram várias camadas, né. Eu lembro até hoje das nossas sessões de gravações. Foi muito gostoso poder fazer isso.”
Perguntado por um jornalista sobre o que acha do filão das versões live-actions de animações clássicas, ele entende que é uma forma de releitura para revigorar a marca, mas prefere ver histórias originais. Com a aquisição da Fox pela Disney, as produções da Blue Sky pertencem à casa do Mickey, mas Saldanha já adiantou que acharia estranho ver “Rio” em live-action.
Ainda na coletiva, Saldanha contou que possui vários projetos para serem transformados em filme. Como “uma corrida de cavalinhos”, brincou. E nessa corrida, o que está ganhando é uma cinebiografia de Amyr Klink, brasileiro que foi primeira pessoa a fazer a travessia do Atlântico Sul a remo, em 1984. Perguntado pela Ambrosia se entre esses projetos haveria uma animação 100% feita no Brasil, ele afirmou: “com certeza”.
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