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“Rogue One” propõe novo olhar sobre “Star Wars”, mas é refém do passado

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“Rogue One: Uma História Star Wars” (Rogue One A Star Wars Story, EUA/2016) é o primeiro de uma leva de filmes derivados (spin offs) que a Lucasfilm, sob a égide da Disney, planeja para a série criada por George Lucas. Portanto não se trata de um episódio da saga dos Skywalkers, embora esteja intimamente ligado.

O filme mostra como se deu o roubo do ‘McGuffin’ do Star Wars original: a planilha da Estrela da Morte que revela o ponto fraco da arma mortífera do império galático. É uma trama focada na Guerra nas Estrelas propriamente dita, sem espaço para o misticismo Jedi. Os antigos cavaleiros da Velha República são apenas citados como pertencentes a um passado remoto.

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O diretor incumbido da missão, Gareth Edwards, afirma que sua inspiração foram clássicos do cinema de guerra. E de fato pode ser sentida a influência clara de filmes como “Apocalypse Now” (que curiosamente quase foi dirigido por George Lucas), “Os Canhões de Navarone”, “Sem Novidade no Front” e “Crepúsculo das Águias”. Contudo, a referência prioritária, obviamente, é a “sagrada trilogia”, sobretudo o Episódio IV.

Muito se falou do excesso de remissões e homenagens feitas em “O Despertar da Força”. Os mesmos que criticaram a nostalgia do sétimo episódio acreditaram que “Rogue One” fosse representar algo inteiramente novo. Ficou apenas a promessa. Há novidades, claro. Além de mergulharmos nos bastidores da Rebelião (que funcionava mais como um pano de fundo das aventuras de Luke e seus amigos), somos apresentados a novos planetas – o maior número já mostrado dentro de um só filme de “Star Wars“. Yavin IV é o único já conhecido.

Temos novos personagens completamente desvinculados de figuras clássicas como Han, Luke e Leia. Só os originalmente secundários Bail Organa (Jimmy Smits) e Mon Mothma (Genevieve O’Reiley) retornam assumindo algum protagonismo. Todavia, o fan service e tributo ao filme original serão sempre recursos tão irresistíveis quanto infalíveis. A Disney estava ciente disso na aquisição de “Star Wars” e se utiliza de toda sua habilidade mercadológica para proporcionar um espetáculo sob medida para agradar aos fãs sem correr nenhum risco.

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O roteiro de Chris Weitz e Tony Gilroy – desenvolvido a partir do argumento de John Knoll e Gary Witta – é eficaz e bem alinhavado. Contudo, não espere nenhuma ousadia. O mesmo se aplica à direção de Edwards. Competente e amparada pela bela fotografia de Greig Faser, mas sempre mantendo a menor distância possível do protocolo.

A escolha do cineasta se deu por ele fazer parte da geração de diretores em Hollywood que cresceram cultuando o cinema dos anos 70 e 80 empreendido por Lucas e Steven Spielberg. Nesse hall estão J.J. Abrams, responsável pelo Episódio VII, Rian Johnson, que dirige o VIII, e Colin Trevorrow, do sucesso “Jurassic World” e que assume a batuta do nono episódio. Daí, é mais do que natural que o eleito para assumir a trilha sonora tenha sido Michael Giacchino, conhecido por sua forte inspiração no mestre John Williams. Os novos temas têm a mesma estrutura de composição dos que foram criados por Williams, que também surgem em alguns momentos, mais como citação.

Assim como “O Despertar da Força”, “Rogue One” tem os novos personagens como trunfo. A Jyn Erso de Felicity Jones é mais uma a entrar para a galeria de personagens femininas valorosas da Disney. Rey já era um indício de que a Casa do Mickey usaria o universo “Star Wars” para criar suas novas “princesas”. O rebelde Cassian Andor (Diego Luna) possui carisma e atitude desenhadas com traços comuns aos de Han Solo e o robô K2, que mescla a brutalidade de Chewbacca com nuances de mordomo inglês de C-3PO, funciona como um quase alívio cômico em um filme de tom precipuamente sóbrio. O droid, inclusive, lembra vagamente o robô PROXY, do game “The Force Unleashed”. Outra remissão ao universo expandido está na farda de almirante imperial do vilão Krenick (Ben Mendelsohn), nos moldes do Grão Almirante Thrawn da série de livros de Timothy Zahn.

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Já o Zatoichi Chirruti Îmwe vem para, de certa forma, suprir a falta de Jedis na trama. É um religioso da Força e não exatamente um sensitivo a ela. O feitio samurai do personagem interpretado pelo asiático Donnie Yen pode ser captado como uma homenagem a Toshiro Mifune, ator principal de “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa, que era a primeira opção de George Lucas para o papel de Obi Wan kenobi.

Por fim, esse primeiro derivado foi a real chance que a Disney teve de brincar com as peças originais do brinquedo que adquiriu. Afinal, o filme se passa no contexto temporal do clássico de 1977. Logo, estão ali os TIE-Fighter e X-Wings “de fábrica” e a participação especial de um certo vilão de armadura negra e respiração ofegante. Desse modo, “Rogue One” é irremediavelmente refém da nostalgia, mas operativo em proporcionar bons momentos aos fãs.

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Filme: Rogue One: Uma História Star Wars
Direção: Gareth Edwards
Elenco: Felicty Jones, Diego Luna, Ben Mendelsohn
Gênero: Fantasia/Guerra/Ficção científica
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Disney/Buena Vista
Duração: 2h 14min
Classificação: 12 anos

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