Ao ter a oportunidade de participar de um reality show de vida ou morte, um homem descobre que há muito pelo que viver.
Self Reliance, a estreia de Jake Johnson (1978) na direção, é tudo o que se poderia esperar do ator cômico. O filme é bem engraçado, às vezes estranho (da melhor maneira) e um pouco perturbador. Johnson, que também escreveu e estrelou o filme, explora ao máximo a comédia a cada minuto.
Quase nunca há um momento de tédio. E embora o filme não consiga entregar totalmente seu ato final, em grande parte devido a uma mudança de tom e ao foco na ação, mas que atende a todas as expectativas como uma produção de Johnson, que é elevada por um excelente elenco de apoio.
Tommy (Johnson, mais conhecido por seu papel em New Girl, como também por ser a voz de Peter B, Parker em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso) tem se sentido deprimido e sem direção desde que sua namorada (Natalie Morales) de muitos anos terminou com ele. Morando com a mãe e desempregado, Tommy se recusa a seguir em frente com sua vida, preso à mesma rotina diária.
Ao ser abordado por Andy Samberg acaba num reality show na dark web, onde será caçado por 30 dias por assassinos de todo o mundo. A única maneira de sobreviver é manter proximidade com outra pessoa ou correr o risco de ser assassinado.
Tommy decide que não tem nada a perder e concorda em fazê-lo, eventualmente contratando James (Biff Wiff), um sem-teto para acompanhá-lo, e se juntando a Maddy (Anna Kendrick), que afirma fazer parte do mesmo show.
Self Reliance não tem medo de ser bobo. O fato de Tommy ter se tornado tão dependente de outras pessoas em sua vida pessoal e se recusar a seguir em frente permite que o público, assim como sua família, duvidem se ele está realmente sendo seguido por assassinos.
A premissa do filme é tão fora do comum que é fácil simplesmente seguir em frente, não importa aonde isso leve. E que passeio é esse! Tommy se atrapalha para sobreviver ao reality, e a tendência de Johnson para balbucios cômicos se adapta perfeitamente ao cenário de seu personagem.
Self Reliance (2023) é um projeto inegavelmente ambicioso para um cineasta iniciante, mas é uma corda bamba que deveria ter sido tentada com um pouco mais de experiência por trás das câmeras. O ator que virou diretor tem um certo tipo de humor – seco, amargo, estranho – que funciona em todos os níveis, e Johnson utiliza-o bem no filme, levando o público a uma jornada cômica bizarra que eles não esquecerão tão cedo.
É quando o filme se inclina para a parte do thriller de ação em seu terceiro ato que o filme perde muito do seu fôlego. Isso nos deixa perguntando para onde foi a comédia, à medida que avança em direção a um final que visa encerrar as coisas com uma bela reverência, mas não tem força suficiente para isso. Para esse fim, Johnson assume muitas coisas no final do filme, perdendo uma grande parte do que torna o filme tão legal para assistir. Dito isso, a comédia se perde na ação e nos deixa um final morno.
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