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"The Square": a arte e o cinema do desconforto

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O diretor sueco Ruben Östlund tem se destacado por um cinema que poderia ser classificado como “do desconforto”. Não o extremista de um Michael Haneke da vida. Mas o desconforto do indivíduo em seu próprio meio. Se no complexo Força Maior (2014) esse meio era explorado num seio familiar, em seu novo longa, o notável The Square – A Arte da Discória, está intrínseco na histeria contida no aparentemente sóbrio mundo da arte. Sob observação aguda do comportamento humano. Não tinha como dar errado.
A história acompanha Christian (Claes Bang), curador de um museu de arte moderna em Estocolmo, que prepara uma grande exposição sobre a percepção da solidariedade e da empatia. Paralelamente, ele empreende uma investigação para recuperar seu celular roubado numa praça pública. É desse paralelismo que Östlund retira insumos para elaborar a contundência de sua trama. O roteiro apresenta o contraponto do indivíduo com o mundo da arte que o gravita, sempre os relativizando. A ironia da visão desse universo pode ser percebida, principalmente quando o filme levanta a discussão sobre o que é arte e o que a credencia para tal, tornando ainda mais subjetivo uma vez que entrelaça a vida pessoal de seu protagonista e suas decisões nem sempre tão éticas ou socialmente aceitáveis.

O diretor filma tudo com sua costumeira elegância – muito compreendido pela fotografia de Fedrik Wenzel – até nas cenas mais impactantes como a da festa com abastados do meio, interrompida por uma performance que vai se tornando bem agressiva e incômoda do ator Terry Notary (excepcional), construída quase que num intrincado plano sequência. The Square é, em suma, um filme provocador. E filmes provocadores não são fáceis de digerir. Östlund em sua fascinação pelo que pode tirar do desconforto, revela muito como comentarista social. Por isso seu filme pode gerar amantes e detratores com intensidade. Só por essa natureza, seu filme já é digno de (muita) atenção.
Filme: The Square – A Arte da Discórdia (The Square)
Direção: Ruben Östlund
Elenco: Claes Bang, Elisabeth Moss, Terry Notary
Gênero: Comédia dramática
País: Suécia, Dinamarca, Alemanha, França
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Pandora Filmes
Duração: 2h 22 min
Classificação: 14 anos

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