Plataforma: PC, Xbox 360, PS3 |
Gênero: Ação/Beat’em up |
Selo: Warner Bros. Games |
Desenvolvedora: Deadline Games |
Lançamento: 21 de Julho de 2009 |
À primeira vista, Watchmen: The End is Nigh não parece ser grande coisa. Ao pesquisar e ler resenhas do game, é possível notar que todas repetem o mesmo punhado de reclamações sobre o jogo. Ao jogá-lo percebe-se que, em grande parte, essas reclamações são válidas. E tudo isso acontece em mais um game licenciado para acompanhar um filme, que por sua vez foi adaptado de uma história em quadrinhos – uma conjunção de fatores que raramente se traduz em bons games.
Se você leu outras resenhas, saiba o seguinte: sim, o jogo é repetitivo como nenhum outro. Além disso, ele não conta com diversos recursos que muitos gamers consideram essenciais em games modernos: jogo online, quilos de conteúdo destravável, jogabilidade variada e uma duração média de 12 ou mais horas. Além de socar inimigos, as poucas coisas que há para se fazer não parecem valer a pena; por exemplo, Rorschach é capaz de arrombar fechaduras, mas com exceção de duas ou três instâncias na Parte 2 em que fazê-lo pode levar a um cartão Rorschach escondido, não vale a pena se incomodar com o minigame de arrombamento. Junte todos estes fatores e The End is Nigh parece ter defeitos demais.
Por outro lado, todos os aspectos técnicos do game são sensacionais. Conheço poucos games, em qualquer plataforma, com uma direção de arte tão bela. O design de fases em si é bem linear e oferece zero de consequência para a jogabilidade – com certeza, este não é um Zelda – mas em termos de puro deleite visual, cada uma das fases é uma obra-prima.
As cenas de corte feitas com quadrinhos animados (baseados no traço do desenhista original, Dave Gibbons) proporcionam um contraste claro com as sombras do cenário hiper-realista, o que serve muito bem como “descanso” para os olhos. O jogo roda macio, sem nenhuma queda na taxa de quadros nem demoras excessivas no carregamento de cada fase. Por fim, para grande surpresa, a câmera funciona muito bem e raramente atrapalha a ação – algo um tanto incomum em games em 3ª pessoa, especialmente os licenciados.
A essência da jogabilidade também surpreende para um jogo licenciado: os controles são responsivos, há uma quantidade razoável de combos, e as brutais animações associadas aos golpes finais são de fazer ranger os dentes, tanto em termos visuais quanto sonoros. Mais importante ainda, este é um game que sabe incentivar o uso dos combos: entre os efeitos extras que eles proporcionam (knockdown, dano em área, jogar o oponente longe, dano extra etc.) e a necessidade de se livrar rapidamente do excesso de inimigos em alguns momentos, você vai utilizar cada um deles assim que ele ficar disponível, e provavelmente continuará usando-os até o fim do game.
Mas quer saber? Este game parece ser apenas mais um jogo de ação, mas é mais e menos do que isso ao mesmo tempo. The End is Nigh é uma versão disfarçada de Double Dragon (1987) para a era moderna dos games, em 3D estiloso de última geração e embalada com uma licença famosa. Ao perceber isso, boa parte do que está “faltando” no game vai parecer ter sido deixada de fora de propósito.
Double Dragon era um bom game de fliperama (convertido posteriormente para diversos consoles) composto por algumas fases lineares, um cenário urbano decadente, cinco ou seis tipos de inimigos, um punhado de opções de golpes, algumas armas brancas que podem ser tomadas dos criminosos ou apanhadas do chão, modo cooperativo para duas pessoas e, por fim, um único chefe ao final da aventura inteira – o líder da gangue combatida durante todo o jogo.
Uma descrição que se aplica, sem tirar nem pôr, a cada uma das duas partes de The End is Nigh.
Se ainda não estiver convencido de que o minimalismo da jogabilidade deste game possa ter sido proposital, dê uma olhada em seus troféus. Há coisas como “Complete o jogo em menos de 80 minutos”, “complete um capítulo [fase] sem ser atingido” e assim por diante – incentivos para que você jogue como se tentava jogar este tipo de game no fliperama, bem apropriados para qualquer jogo de pancadaria decente.
O que significa que as resenhas medianas para The End is Nigh podem estar certas em diversos pontos, mas também que muitas delas não sacaram a coisa toda. Não se trata de um game moderno, e sim um jogo de fliperama clássico desenvolvido com tecnologia atual – e, portanto, deve ser jogado e apreciado como tal. É um game para ser jogado quando você estiver a fim de socar onda após onda de inimigos claramente malvados, enfileirando todos os golpes diferentes que o game oferecer, até chegar ao fim da fase e pronto. Ou seja, prazeres simples da vida gamer.
Se decidir mergulhar de cabeça em The End is Nigh, saiba exatamente o que está adquirindo. Como cada Parte é relativamente pequena – dá para terminar a primeira em cerca de 6 horas e a segunda em menos de 4 – a melhor pedida é a versão The Complete Experience, para Playstation 3, que junta ambas as partes e o Blu-ray do filme Watchmen, tudo pelo preço de um game normal. Para quem já estava pensando em adquirir o (ótimo) filme, é uma barganha.
Ainda assim, não se esqueça: este é um jogo de pancadaria clássico feito com tecnologia moderna, e nada mais. Não espere que o jogo siga a lógica dos games desta geração; caso contrário, melhor procurar outra coisa. Se estiver atrás de horas de pancadaria bruta como se não houvesse amanhã, The End is Nigh é altamente recomendável.
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Cada uma das duas partes pode ser baixada nos serviços Steam (PC), Playstation Network ou Xbox Live. Em disco, as edições variam. Para PC, trata-se de um disco para cada parte. No Xbox 360, as duas partes foram reunidas em um único disco. Para Playstation 3, a versão Complete Experience junta um Blu-ray com as duas partes e um Blu-ray do filme.
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Apresentação: 4/5 |
Enredo: 3/5 |
Jogabilidade: 3/5 |
Fator Replay: 2.5/5 |
[xrr rating=3/5] |
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