Mesmo não tendo gostado muito de “O Teorema Katherine”, decidi seguir em frente e dar mais uma chance a John Green, pois minha curiosidade sempre vence. E acabei me surpreendendo com “Cidades de Papel” (Editora Intrínseca – 368 páginas).
Quentin Jacobsen, ou simplesmente Q. para os amigos, é um adolescente comum. Seus pais são psicólogos, o amam muito e ele tem dois melhores amigos, Radar e Ben. Estão prestes a se formar no colégio e mesmo detestando o baile de formatura, Q está empolgado para começar uma nova etapa em sua vida. Tudo nela é normal, exceto por sua vizinha, Margo Roth Spiegelman (sim, nome completo, sempre) que vive sumindo de casa e, quando volta, tem grandes aventuras para contar como passar alguns dias com o circo e fingir ser namorada de um músico famoso, entrar no camarim e dar um fora no mesmo músico. Margo Roth Spiegelman é o amor da vida de Q. Os dois se conhecem desde crianças e não se desgrudavam até os 9 anos, quando um incidente os levou a seguir caminhos separados. Agora, Q somente vê Margo Roth Spiegelman nos corredores do colégio, com seu namorado Jase e suas amigas Lacey e Becca. Eles fazem parte de um outro grupo, o dos garotos populares, diferente de Q e seus amigos que são da banda da escola. Mas, por incrível que pareça, ninguém mexe com eles e Q tem certeza que é por causa dela. Uma noite, alguém bate a janela do seu quarto e quando ele olha, lá está ela, exatamente como fazia quando crianças. Margo o intima a ajuda-la em uma difícil tarefa de 11 passos. Quentin a princípio não parece muito certo da confusão em que vão se meter, mas não resiste em acompanha-la. Na madrugada, eles deixam peixes para aqueles que machucaram Margo, como seu namorado traíra Jase e a falsa amiga Becca e também invadem o Sea World. Q acha a noite ótima e ao voltar para casa tem certeza de que a partir do dia seguinte tudo será ainda melhor na escola e agora Margo Roth Spiegelman irá falar com ele… só que isso não acontece. Na manhã, seguinte ela nem aparece na escola. Alguns dias se passam e nem sinal dela, até que seus pais decidem chamar a polícia. Quentin fica irritado com o descaso dos Spiegelman em relação a filha de decidirem deixa-la seguir com a vida dela sem nem procurar saber onde está. Ele se lembra de que ela sempre deixa rastros de onde vai, pequenas pistas que indicam seu paradeiro na esperança de que alguém vá procurá-la. Mas, será que depois de quase dez anos sem conversarem, Quentin ainda conhece sua vizinha?
É possível notar um certo padrão na narrativa de John Green. Seus personagens tendem a ser em sua maioria jovens adultos, com um certo problema social e meio introspectivos. A parte engraçada fica geralmente por conta do amigos que acabam o usando de ponte para fazer as piadas na história. E são realmente muito boas, dando uma leve descontração no teor sério do livro. Com toda uma sutileza que lhe cabe bem, Green aborda essa transição da fase adolescente para a adulta com perguntas bem pertinentes. Principalmente em relação ao quão bem você se conhece e aqueles que estão à sua volta, influenciando assim no seu comportamento perante eles. O que implica em também se decepcionar ou perceber que você não conhece alguém tão bem. Mas, afinal, quem pode afirmar conhecer 100% outra pessoa?
O mais interessante é que Green segue um pouco a linha de raciocínio asiático de que as histórias não precisam ter um fim todo explicado, pois a essência do personagem e da trama se desenvolve ao longo das páginas e que assim como a vida o curso continua após o final.
cara esse livro é muito bom!