Tempos atrás “Na estrada” (ou “Pé na Estrada”) ganhou um filme bastante insosso – um verdadeiro zeitgeist da sociedade atual, já que de modo algum o romance de Jack Kerouac se tornaria um clássico se estivesse restrito à uma viagem sob drogas pela América.
Na estrada trata de sonhos, sonhos que todos vivenciamos enquanto carregamos essa chama de desbravar o mundo e do processo de amadurecimento, uma jornada deveras conhecida na literatura. Felizmente para Kerouac, o livro, publicado pela primeira vez em 1957, precedeu uma era de gigantes da contracultura que, levados pela mesma paixão de Sal Paradise e Dean Moriarty, continuam inspirando gerações e consequentemente elevando o status do romance.
Defeitos e qualidades se acotovelam em ‘Na estrada’, livro que passou dez anos sendo rejeitado e alterado a contragosto por um Kerouac sedento por viver de literatura. Ainda assim sua prosa é inovadora, num ritmo frenético que muitos consideram a maior qualidade do livro (e que irritou Truman Capote o suficiente para chamar a literatura de Kerouac de datilografia), e perfeitamente condizente com a narrativa; onde pensamentos viajam mais rápido que o tempo.
Já a edição brasileira pela LP&M não é tão inspiradora… Apesar da boa qualidade na tradução do escritor Eduardo Bueno, o formato pocket (livro de bolso) aparece somente no título, já que o preço é abusivo para a categoria (R$ 36 na Saraiva / R$ 28 na Fnac) e a edição final deixa bastante a desejar em quaísquer atrativos editoriais: capa horrível; prefácio e posfácio beirando o pedantismo e uma cola ruim nas páginas que impede o manuseio para leitura. Uma verdadeira abominação timbrada Terra Brasilis.
A dica é: fique longe dos ‘livros pocket’ da LP&M e outras editoras que apresentam produtos falhos e caros.
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