“Só as Hienas Matam Sorrindo”
Dramaturgo e escritor, Aramyz está entre os 16 autores convidados pela editora para lançar a coleção anti-fascista “Burguês Assustado”, a partir de uma chamada nacional, que nasceu para responder “De qual lado da história você está?”
Deterioração do indivíduo é a tônica das personagens de seus contos-monólogos
“Só as hienas matam sorrindo” é o retrato de um país, que não se importa com a degradação dos espaços habitados por seus personagens, na maior parte marginais, ou em condições de total miséria humana. Exclusão, violência e marginalidade, Aramyz não faz concessões, as personagens corrompidas pelo desvio moral e ético revelam situações carregadas de brutalidade.
O esgotamento da “humanidade” das personagens escancara a violência e a crueldade ao leitor em 21 contos, em forma de monólogos.
O autor, que é também dramaturgo-convidado do Cemitério de Automóveis, em seu livro de estreia ignora a norma culta, só usa a letra maiúscula quando fala de Deus ou alguma outra entidade religiosa, abole parágrafos e maltrata a gramática sem nenhum pudor.
Aramyz chegou a ser demitido depois de um de seus patrões ler sem ser convidado a um dos contos dele, foi agredido fisicamente com um apertão no braço e recebeu cartão vermelho.
Este choque não foi capaz de conter a sua narrativa que ganhou força com a ousadia e as regras quebradas de Nelson Rodrigues, Plínio Marcos, o contato com o conto “Papai do Céu” do livro “Balé Ralé, de Marcelino Freire, com quem fez uma oficina de escrita, e as Oficinas de Dramaturgia realizadas no Espaço Cemitério de Automóveis, por Luca Mayor e Marcos Gomes, foram os aliados para que o autor descobrisse sua voz autoral, e mantivesse a coragem de resistir e continuar a escrever.
O livro de estreia de Aramyz traz o retrato de um país, que não se importa com a degradação dos espaços habitados por seus personagens, na maior parte marginais, ou em condições de total miséria humana.
Entre os personagens que habitam a literatura deste maldito, encontramos moradores de rua, desempregados, presidiários, pedófilos, homofóbicos, machistas, racistas, fascistas, policiais corruptos, evangélicos, etc.
Para o dramaturgo Mario Bortolotto, que assina o prefácio, o livro de Aramyz “é escrita pesadelo é pra quem tiver disposto a aguentar o tranco.”
Sobre o autor
Com formação eclética, Aramyz passou pela Fundação das Artes em São Caetano do Sul, é licenciado em Letras e também em Pedagogia, com pós em Medida Socioeducativa. Este baiano umbandista, filho de mãe cafuza evangélica, é um contestador nato e costuma dizer que seus contos são seus gritos sociais.
A Editora Urutau nasceu para cantar as horas diante das páginas. Nos últimos cinco anos já publicaram mais de 350 livros sem qualquer custo para os autores e as autoras.
Hecatombe, selo político da Editora Urutau, tem como objetivo a discussão de temáticas múltiplas e contemporâneas.
A coleção Burguês Assustado é fruto de uma antologia intitulada “Não há nada mais parecido a um fascista do que um burguês assustado”, do selo político Hecatombe.
Serviço:
Lançamento 19/02 – a partir das 19h
Livro : “só as hienas matam sorrindo ”, de Aramyz
Prefácio: Mario Bortolotto
Páginas: 144 – R$ 45,00
Espaço Garganta
Rua Doutor Cesário Mota Junior, 277 ( sobreloja ) – Vila Buarque – SP.
prox. Estacão Mackenzie do metrô
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