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Myriam Scotti conversa sobre o romance “Terra Úmida” 

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Terra, imigração, laços familiares, ancestralidade e a investigação do feminino. Esses são alguns dos principais temas do romance “Terra Úmida”  (Editora Penalux, 156 pág.), de Myriam Scotti, que venceu o Prêmio Literário de Manaus em 2020. Nele, a autora traz a descrição da imigração de judeus para a Amazônia durante o ciclo da borracha a partir da perspectiva de Abner, um dos filhos de uma família marroquina que instala-se na região para fugir da perseguição aos judeus. A partir dessa premissa, a autora desenrola uma trama complexa com temas como relações familiares e o feminino; e que possui personagens apegados à tradição, mas que são intimamente atravessados pela vida e pela cultura novas.

Myriam Scotti nasceu em 1981, em Manaus (AM). É escritora, crítica literária e mestre em Literatura pela PUC-SP. Ela começou a escrever na infância, porém começou a publicar crônicas em um blog após virar mãe e a escrita passou a ser uma atividade profissional em 2014. Além do romance “Terra Úmida”, a autora possui mais dois livros publicados: “Quem chamarei de lar?” (editora Pantograf, 248 pág.), um romance juvenil que foi aprovado no PNLD literário e escolhido pelo edital Biblioteca de São Paulo de 2021; e “Receita para explodir bolos” (editora Patuá, 56 pág), livro finalista do prêmio Pena de Ouro 2021 na categoria Conto e que  ficou em segundo lugar na categoria conto do prêmio Off Flip de 2022.

Quais são os temas centrais do livro? Por que os escolheu?

Acima de tudo, o romance trata de relações familiares, bem como das dificuldades de uma mulher Imigrante, que abre mão de seus desejos em prol da família e da tradição.

Primeiramente, senti necessidade de contar a história da chegada dos judeus marroquinos na Amazônia durante o ciclo da borracha, algo que ainda é muito pouco explorado na ficção. Como descendente de judeus sefarditas, eu quis homenagear os meus ancestrais, e, claro, homenagear as mulheres. Não à toa, escrevi uma personagem que pudesse representar um pouco das dificuldades de ser mulher em qualquer época.

O que te motivou a escrever o livro?

O que me motivou a pensar o romance foi o desafio de escrever uma história longa, tendo em vista que estava acostumada a escrever contos e poesia. Isso aconteceu ao participar de uma das oficinas de escrita criativa, me senti desafiada a dar continuidade num curso de preparação do romance. Nunca havia escrito uma história longa e achava que não teria fôlego para tanto. Então, decidi que era hora de começar a tentar. 

Escrevi o romance “Terra Úmida” a partir de um conto chamado “Terra Prometida”, que faz parte de um livro de contos que ainda não foi publicado. Desde então, já escrevi dois romances e estou na escrita do terceiro.

Por que escolher o gênero adotado? 

Ao participar de uma das oficinas de escrita criativa, me senti desafiada a dar continuidade num curso de preparação do romance. Nunca havia escrito uma história longa e achava que não teria fôlego para tanto. Então, decidi que era hora de começar a tentar. Desde então, já escrevi dois romances e estou na escrita do terceiro.

Que tipo de estrutura e escrita você adotou ao escrever a obra? 

Não sei dizer se eu tenho um tipo determinado de escrita. “Terra úmida” foi uma escrita que me fez pensar e repensar a forma do romance diversas vezes até chegar ao formato que foi publicado. Escolhi trabalhar a primeira parte com uma personagem que falava em primeira pessoa e a segunda parte com a escrita de um diário. Foi um grande exercício de escrita e também de paciência. Não é fácil colocar o ponto final em uma obra, sempre achamos que podemos mudar ou melhorar algo.

Quanto tempo durou o processo de produção do livro?

Foram três anos entre pesquisa, escrita e viagem ao Marrocos.

Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro? 

Acredito que a literatura tem a capacidade de nos fazer praticar a alteridade, ou seja, a oportunidade de se colocar no lugar do outro. Dessa forma, desde que lancei o romance tenho recebido muitas devolutivas, inclusive de homens, do quanto refletiram sobre as questões femininas, assim como sobre relações familiares.

O que vem por aí? Quais são seus planos literários?

Estou às voltas com a escrita de um romance contemporâneo e também já tenho algumas páginas escritas de outro romance histórico. Vamos ver em qual deles vou conseguir me jogar de cabeça.

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