Poemas de “Corpos, fendas e fronteiras”, de Ana Carolina Francisco

Ana Carolina Francisco é escritora, roteirista e jornalista, com atuação multidisciplinar entre literatura, cinema e teatro. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, estudou Cinema e TV na UCLA (EUA) e Comunicação na University of Liverpool (Reino Unido). É mestranda em Comunicação na UERJ e autora do livro de poesias “Corpos, Fendas e Fronteiras” (Editora Letramento),…


Ana Carolina Francisco é escritora, roteirista e jornalista, com atuação multidisciplinar entre literatura, cinema e teatro. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, estudou Cinema e TV na UCLA (EUA) e Comunicação na University of Liverpool (Reino Unido). É mestranda em Comunicação na UERJ e autora do livro de poesias “Corpos, Fendas e Fronteiras” (Editora Letramento), obra lançada em eventos como a Bienal do Livro e a FLIP. Seus trabalhos autorais já foram premiados e exibidos em festivais no Brasil e no exterior.

Pueril (pág. 19)

Segundo que escorre em minhas mãos
Inunda peito que anseia 
Para ser
Exposto

Pele minha que esconde 
Jovem carne avermelhada 
Coração pulsante 
Jorra vida 
Aprisionada

Ínfimo composto químico 
Formado pela junção 
Da decomposição de outras matérias

Corpo que veio do escuro do ventre 
Para ir ao crepúsculo da terra

Meu corpo, imploro por tempo 
A juventude me promete frutos
Sem  dizer quando irei colhê-los 
Poeira vadiante  
Conduzindo-se no ar 
Na realidade, só quer
Saber 

Onde finalmente terá pouso

Sinônimo de Flor (pág. 26)

Tem hora que o mundo parece peso 
E para compensar o coração fica leve 
Tão leve que se desfaz em lágrimas

Não há som que o acalme 
Uma respiração ofegante 
Tenta desfazer o nó da garganta

Tem hora que não há nem bebida 
Que anestesie e faça brotar 
Aquele seu riso frouxo

O corpo cai 
A alegria escapole 
Por aquela fresta da janela 
Que antes você tinha aberto
Para juntos verem o sol se pôr

Só te peço que nessas horas 
Em que sua cabeça girar 
Gire por inteira, Indo de encontro a todo sol 
Enquanto uns tonteiam na dança 
Você girassol