Último livro de autor de Lolita será publicado

nabokovEm novembro, a editora Penguin, de Londres, vai publicar o livro O Original de Laura, última obra do autor russo Vladimir Nabokov.

Falecido em 1977, Nabokov exigia no seu testamento que a obra fosse destruída, do mesmo modo que queria destruir seu grande sucesso “Lolita”. Sorte nossa que sua mulher não o deixou cometer tal atrocidade.

Os agradecimentos agora vão para Dmitri Nabokov, filho do autor, que optou por não atender ao último pedido do pai.  Depois que Alexis Kirschbaum, diretor da editora, negociou pessoalmente com Dmitri, a decisão foi mesmo por tirar o manuscrito da caixa-forte do banco suíço onde  estava guardado há 30 anos.

E devemos agradecer mesmo, pois o livro promete ser tão bom quanto “Lolita”.

“O Original de Laura” narra a história de um homem atormentado com o comportamento de sua esposa, contada pelo personagem desde o momento em que se conheceram. Uma história que provavelmente causaria o mesmo espanto que “Lolita” causou caso fosse publicado na época em que foi escrito.

Porém, acredito que o livro se mostrará mais como uma bela obra bem escrita do que como algo impenssável de ser publicado, já que a promiscuidade não é algo muito incomum e é amplamente retratada nos meios de comunicação e nas músicas (vide funk).

Agora é aguardar ansiosamente pela publicação do livro e, claro, pela tradução e publicação aqui no Brasil.

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Comentários 8
  1. Quando um livro deixa de ser obra de seu autor e passa a ser público? Entendo o frisson de publicar o livro, mas são acho justo passar por cima dos desejos do autor apenas por este estar morto.

  2. Se não me engano, Diana, a obra passa a ser pública 70 anos após a morte do autor. No caso dele, ainda não está em domínio público. Maaas, os direitos daí recaem sobre o filho dele, que decide o que fazer com ela. Se ele optou por não seguir as instruções do pai.. bem, daí ele que se entenda com sua própria consciência. Vai que ele pensou “ah, se mamãe convenceu ele de publicar Lolita, provavelmente ele ía acabar fazendo o mesmo com esse livro”.

    Tanto Lolita quanto O Original de Laura tratam de assuntos sérios e escandalos, pedofilia e promiscuidade. Vai ver ele ficou tão perplexo com o que escreveu que prefereria que tudo fosse destruido… Por isso acredito que esse último livro seja uma grande obra também.

    1. Hahaha não estava falando em termos legais, estou falando sobre um aspecto mais amplo da obra. Será que uma obra deixa de ser de seu criador no momento em que ele a produz?

      E eu não tenho dúvida de que será uma obra maravilhosa e escandalosa (assim como Lolita), mas o quanto isso não seria uma decisão do próprio Nabokov?

  3. Acho também complicado julgar o que é promiscuo e o que não é.

    A obra de arte consegue partindo ou não da identidade do homem contemporaneo faze-lo vislumbrar sua alteridade como seu duplo, como uma possibilidade de si mesmo, e assim pode alargar sua dimensão de identidade. De entender que seu comportamento é uma escolha, não uma regra.

    Quem delimita o que é promiscuo? Porque aceitamos esse julgamento de valor sem questionar? Porque não podemos enxergar uma possibilidade humana só porque ela é estranha aos nossos olhos? Será o humano tão limitado aos seus preceitos morais? Será que mesmo que apenas ao lidar com uma expressão diferente da nossa somos assim realmente agredidos?

    Se sim, então claro, a obra do Nabokov ainda é pertinente, ainda é o bobo da corte caçoando o monarca despota, ainda é a criança apontando rindo e gritando
    “O rei está nú”!

    E sinceramente, não acho que o Nabokov vai levantar de seu tumulo pra reclamar.
    Seu pedido, mais do que um apelo sincero, só mostra o quanto era dificil lidar com sua propria inquietação. Se ele quisesse mesmo que não fosse publicado ele mesmo teria destruido. rs

  4. “Hahaha não estava falando em termos legais, estou falando sobre um aspecto mais amplo da obra. Será que uma obra deixa de ser de seu criador no momento em que ele a produz?”

    Diana, essa questão é extremamente debatida até hoje. Na minha opinião, a obra só é obra quando existe um leitor para lhe dar vida. O texto não pertence ao autor, pois que ninguém, em momento algum, vai interpretar as coisas exatamente como o autor quis dizer.
    Um livro, um texto literário, é continuamente re-interpretado, sempre assumindo um significado diferente, de acordo com o leitor que o manuseia. Ou seja, pertence a ninguém e a todos ao mesmo tempo.

    Aquilo que você fala ou escreve, deixa de lhe pertencer no momento em que é escrito ou falado (exteriorizado), pois está sujeito a interpretação dos outros, e isso você não pode controlar. O mesmo vale para um texto literário: no momento em que o autor escreve, ele perde completamente o controle sobre as suas palavras, já que outros vão interpretá-las da maneira que lhes apetecer.

    A autoria é uma exigência que se criou na nossa sociedade, para que se pudesse atribuir responsabilidade a palavras proferidas por uma determinada pessoa, louvando ou rechaçando o que foi dito.

    1. Sim, mas não cheguei a tratar de interpretações. A discussão que incitei é extamente sobre o segundo ponto que você abordo.

      Então tudo, uma vez escrito torna-se público? Porque o texto de Nabokov foi de fato colocado no papel, mas não exteriorizado, tanto que ele, enquanto vivo, não o mandou publicar, ao contrário, guardou-o em um cofre (ok, eu concordo com o Daniel, se ele não o quisesse publicado, ele teria queimado seu trabalho, mas não queria tratar apenas desse caso).
      Às vezes apenas colocamos em um papel aquilo que desejamos tirar de nós, mas não necessariamente divulgar, como é o caso de diários ou cartas pessoais, constantemente publicadas postumamente.

      Quando isto deixa de ser uma invasão de privacidade? Direito que vêm ganhado cada vez menos espaço em nosso mundo… Ou será que os mortos, ao falecem, perdem este direito?

      Achei apenas um fato curioso a ser pensado…

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