Resenha de Beastars Vol. 6, de Paru Itagaki

Após o clímax eletrizante do volume anterior, Beastars Vol. 6 (capítulos 44-52) de Paru Itagaki, oferece uma pausa bem-vinda, mas não menos intrigante, ao voltar o foco para os complexos relacionamentos interpessoais e o drama romântico que permeia a narrativa. O triângulo entre Legoshi, Haru e Juno ganha novas nuances, enquanto as críticas internas dos personagens começam a moldar o futuro da competição pelo título de Beastar.

A relação entre Legoshi e Haru continua sendo o coração emocional da trama. O momento da confissão de Legoshi, revelando que foi ele quem a atacou, destaca a força emocional da coelha, que já havia intuído a verdade, mas escolheu ver o lobo além de seus instintos carnívoros. Este confronto com a dualidade da natureza é um tema recorrente em Beastars , e aqui se manifesta de forma visceral e simbólica, especialmente quando Haru, em um momento de intimidação, luta contra o impulso de ser devorado por ele. Essa inversão de expectativas – o desejo de submissão à cadeia alimentar – desafia as convenções e levanta questões sobre identidade, instinto e desejo, embora o conceito possa parecer confuso em comparação à lógica dos volumes anteriores.

Enquanto isso, Juno surge como uma personagem mais complexa e ambiciosa. Sua atuação no clube de teatro não é apenas uma manobra para conquistar Legoshi, mas também um esforço estratégico para fortalecer sua imagem entre os herbívoros. Ao discutir sobre o papel dos carnívoros na sociedade, ela não apenas fortaleceu a luta contra os estereótipos, como também abriu seu caminho rumo ao título de Beastar. Sua presença carismática e astúcia trazem um contraste interessante com a vulnerabilidade de Haru e a introspecção de Legoshi, posicionando-a como uma força competitiva.

Louis, por outro lado, paira como uma sombra ausente, mas sua transformação fora dos holofotes promete sacudir ainda mais o status quo. Ao escolher um caminho mais sombrio para alcançar seus objetivos, ele reforça a ideia de que o título de Beastar não é apenas uma competição de popularidade, mas uma questão de poder e sobrevivência. Sua jornada, embora ainda nebulosa neste volume, adiciona uma camada de complexidade moral à narrativa.

A transição do ritmo frenético do volume cinco para um foco mais introspectivo pode não oferecer a mesma dose de adrenalina, mas é essencial para o desenvolvimento dos personagens e para preparar o terreno para os próximos conflitos. A competição pelo título de Beastar está prestes a se intensificar, prometendo um confronto não só físico, mas ideológico.

Com diálogos refinados, simbolismo instigante e personagens cada vez mais multifacetados, Beastars Vol. 6 mantém o alto nível da série, explorando as complexidades das relações em um mundo onde o instinto e a razão estão em constante conflito.

Resenhas Volume 1, Volume 2Volume 3Volume 4, Volume 5

NOTA: 8/10.

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