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Cinco perguntas para a cantora Elisa Queirós

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Elisa Queirós, cantora, compositora, integrante do premiado quarteto de samba Arranco de Varsóvia, lança seu segundo CD solo chamado “Bons Ventos” (Mills Records, 2017). A faixa título, a primeira do CD, é uma canção inédita de sua autoria e reflete em seus versos, melodia e arranjo, o desejo da artista de criar um imaginário sensorial prazeroso, invocando o amor próprio de forma poética, abrindo espaço para as próximas dez faixas do CD que contam outros amores. Um repertório de amor que não se reuniu ao redor do tema de forma intencional mas apresentou-se assim espontaneamente. Fizemos cinco perguntas à cantora. Confira abaixo.

1) – Seu álbum tem uma sonoridade bem jazzística com um trio ótimo de baixo bateria e piano que veste de maneira muito melódica as letras muito bem elaboradas na métrica do amor. Como você pensou o álbum? Como foi o processo de composição?

“Bons Ventos” foi concebido nos últimos anos, com calma, passou por várias idéias e convergiu para a vontade de produzir uma música gostosa de ouvir, com boas estórias/histórias que fossem sublinhadas pelo trio instrumental. Com a parceria do arranjador e diretor Alex Rocha, definimos mesmo que o trio daria a unidade sonora do disco, contamos com a colaboração luxuosa de músicos incríveis neste processo (o próprio Alex Rocha no contrabaixo, Jurim Moreira e Paulo Diniz na bateria, Itamar Assiere e Bruno Alves no piano). Além do trio, apenas as participações especialíssimas do Arranco de Varsóvia, o quarteto vocal de samba que eu integro há 15 anos, na faixa “Carcará”, e do Fred Martins tocando violão e cantando na faixa “Antes de Dizer Adeus”, uma parceria nossa.

As composições foram acontecendo em tempos diferentes, até mesmo durante a gravação do CD… “Bons Ventos”, letra e música minha, é das autorais a mais antiga e eu já tocava em shows há algum tempo. “Inútil Pensamento” e “Vagão” são letras que escrevi há anos e que esperavam a oportunidade de virarem música, coisa que aconteceu no ano passado, quando as enviei respectivamente aos parceiros Rômulo Gomes e Alain Pierre, e já chegaram muito dentro do conceito do disco. “Antes de Dizer Adeus” é a caçula das autorais. Chamei o Fred pra fazer uma participação no disco, achei que ele iria cantar ou tocar em outras faixas dele no repertório do CD, mas ele pediu uma letra e compôs essa linda balada romântica que arrematou o repertório.

2 ) Cada canção tem uma individualidade, com um tipo de fraseado melódico, as vezes numa célula de piano como a terceira faixa “Disseram” que me lembrou o tipo de dedilhados usados com aquele fraseado bem solto e suingado. Como foi criar o conceito do álbum, em cada faixa, singularizando cada uma, mas dando uma temática sólida a ele?

A princípio fui selecionando músicas que eu gosto sem preocupação de unidade ou estilo, imaginava que a liga entre as canções seria dada pelo trio instrumental. Sabia também que seria uma onda jazzy pop brasileira. Pesquisei compositores que eu curto, assim encontrei por exemplo “Causa e Efeito”, que foi paixão à primeira audição. “Disseram” é uma canção que eu sempre curti, do repertório da querida amiga, colega de Arranco de Varsóvia e compositora Andrea Dutra. É uma das músicas do CD que dá bem o tom desejado. “Bons Ventos” já estava pronta há tempos, e tem esse nome que convida à leveza, à curtição, à esperança, à fluidez e coisa positivas, que tanto desejamos nesses tempos complicados que vivemos. Tornou-se então o título do CD.

Depois do repertório definido, é que me dei conta de que tem uma estória de amores, começando por Bons Ventos que na minha idéia é uma ode ao amor próprio, e seguindo com outras nuances de amores. Não foi um tema intencional, mas adorei quando me dei conta de que tinha ficado assim.

Musicalmente falando, os arranjos e a direção do Alex Rocha, os aportes que os músicos trouxeram com seus talentos e estilos, e a interpretação que cada música sugere dão o colorido nesse eixo amoroso, variando os ritmos, as dinâmicas e as emoções propriamente.

3) – A primeira faixa que dá titulo ao álbum, “Bons Ventos” é “narrada” na primeira pessoa com belas imagens e metáforas sobre a natureza. E a frase bons ventos é muito solar e literária ao mesmo tempo, com muitas alusões ao que vem ou que vier. Me fala desta canção e o que ela reflete no disco todo?

Entendo o roteiro do CD como uma saga amorosa, estórias/histórias do amor e suas nuances. “Bons Ventos” inaugura a saga como uma celebração ao amor próprio, a estar em paz consigo próprio, à aceitação de sermos paradoxais e vermos perfeição nisto.

Sinto que a canção reflete em seus versos, melodia e arranjo, meu desejo de criar um imaginário sensorial prazeroso, inspirando sonhos, renovação, movimento, mudança… bons ventos e as velas das embarcações, viagens do pensamento… movimento das marés, refresco na pele, espírito apaziguado… Bons Ventos sopram pra longe nuvens carregadas e ensejam a esperança de tempos bons…

É isso, que a experiência seja prazerosa, encantadora, que haja paz, amor e alegria.

4) – Sua poética está muito bem construída pelo primor do uso da palavra, nos versos. Como a faixa Inútil pensamento que tem versos muito sonoros e bonitos. Queria que falasse desta letra um pouco, e de como foi esta travessia de palavras tecelãs do amor que passam por toda poética do álbum?

Sempre fui apaixonada pela palavra e seu poder transformador, esclarecedor, encantador, libertário, etc etc etc. Aprecio brincadeiras com palavras a vida toda, por essa razão agradeço todos os dias pela sorte de ter nascido brasileira e ter uma literatura portuguesa absurdamente fantástica, assim como uma tradição de letristas na MPB incomparável em nível mundial, que sempre foram referência de bom gosto e de requinte a iluminar meus anseios artísticos.

Uma das minhas bossas preferidas é “Inútil Pensamento” – letra e música. Nunca tive uma imersão na Bossa Nova, nem como compositora (embora eu faça mais letra do que música) nem como intérprete. Nunca fiz um show com repertório exclusivo ou majoritariamente de bossas. Isso não quer dizer que eu não adore o gênero, e muito menos que não saiba reverenciar o significado que a Bossa Nova teve e tem, como ruptura estética, como adequação de elementos tão cariocas à música, como o estabelecimento das belezas da rotina em paraísos poéticos. Amo também o respeito mundial que a música brasileira conquistou a partir da bossa nova.

Pois, talvez por tudo isso e por outras razões subjetivas que cabem ao coração e à poesia, acordei um dia fixada na tal ideia do “inútil pensamento”, essa classificação que pretenderia convencer o coração, usando um argumento racional, a desistir de orientar seus raios gama àquele ser desejado e distante. Com essa inspiração escreve a letra. Muitos anos depois, bati esse papo com o querido e talentoso Rômulo Gomes, que imediatamente carimbou uma linda bossa nesta letra e assim selou esta parceria, “Inútil Pensamento”, aqui nesta faixa com o arranjo e contrabaixo acústico do Alex Rocha, piano do Itamar Assiere e bateria do Jurim Moreira.

5-) Como está o lançamento do disco com relação à divulgação? E, em relação aos shows, como será sua agenda?

O disco acaba de ser lançado nas principais plataformas digitais e também no site da Distribo para compra do CD físico. Espero ansiosa que os CDs cheguem de fábrica a qualquer momento! Conto também com a parceria do Beto Feitosa para a divulgação nas redes, e claro, com a parceira do público que curtir o disco para compartilhar.

Spotify  http://tinyurl.com/y7wll85y

Deezer – http://tinyurl.com/y7cxrypn

Amazon: http://tinyurl.com/yatbvmf9

Apple Music – https://itun.es/br/q3Ckkb

Google Play: http://tinyurl.com/y7tgh2ae

CD físico (pré venda): http://tinyurl.com/y97q2jfh

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