Como o baterista dos Rolling Stones criou a bateria mais inusitada do rock?

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Os Rolling Stones foram anunciados de última hora no One World: Together At Home, show beneficente organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de curadoria artística de Lady Gaga, que ao longo da tarde de sábado (dia 18) mostrou artistas apresentando canções de suas casas em prol da luta contra a COVID-19.

Já era sabido que a presença de Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood não passaria como “apenas mais uma apresentação”. A banda tocou seu clássico ‘You Can’t Always Get What You Want’, do álbum “Let It Bleed”, de 1969, que traz na letra um cunho de autoajuda (Você não pode ter sempre o que quer/Mas se você tentar às vezes/Você pode achar e ter o que precisa, diz o refrão). A performance foi executada pelos integrantes, cada um em sua casa, com a tela dividida em quatro.

Cada câmera ia abrindo o sinal uma a uma revelando cada um dos Stones, primeiro Jagger no vocal e violão, Richards no violão, em seguida Ronnie na guitarra elétrica e por último o baterista (algumas pessoas acharam que era problema na transmissão, mas, na canção, a bateria é o último instrumento que entra). O detalhe é que ele não tinha uma bateria em sua casa (ou pelo menos não naquele espaço que ele escolhera para filmar), então improvisou com três cases e até um braço de sofá. E ao fundo uma vasta coleção de vinis na estante.

Com um fone de ouvido ele acompanhava o resto da banda e reproduzia ali, naquele improviso, exatamente o que faz na bateria de verdade (previamente gravada). A bateria mais inusitada da história do rock consistia em um sofá com chimbal, caixas de instrumentos como bumbos, e os pratos, bem, esses foram no ar mesmo (um air crash/ride). O mais interessante (e que tornou a coisa até engraçada) é que Charlie manteve ali sua inabalável elegância com que costuma conduzir as baquetas desde o início da banda, há quase 60 anos.

O mais provável é que Charlie tenha gravado sua faixa de bateria semanas antes, usando um kit virtual ou um conjunto real que ele tenha em um estúdio em casa. Então ele enviou isso aos colegas de banda para que eles pudessem praticar suas partes. Quando chegou a noite de sábado, ao invés de montar uma bateria, apenas acompanhou o que havia gravado.

No fim das contas, Charlie exerceu a função de todo bom baterista que é fornecer a marcação necessária para o correto andamento da música. Os outros integrantes certamente descartaram a hipótese de Charlie não aparecer por não contar com o instrumento, e assim os Rolling Stones escrevem mais uma página na sua (longa) história, além de realizarem a melhor apresentação do evento.

Os Stones tinham uma série de datas marcadas nos EUA com a turnê “No Filter”, que se iniciaria em maio, em San Diego. Todas as datas foram adiadas por causa da crise do coronavírus.

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