Hoje a coluna Lado B contará com uma resenha ligeiramente diferente do caminho que estávamos tomando, terei a oportunidade de abordar um assunto pouco explorado no Ambrosia e que até então não tive a chance de escrever: música. Desde criança sempre fui fanático por música, a princípio posso parecer ter o gosto de um típico “rocker” ou “indie”, mas não me prendo aos clichês e tento ao máximo escutar os mais excêntricos tipos de sons que podemos encontrar por aí, seja o speed metal tão querido pelo tio da minha namorada ou o hip hop tão falado pelos meus colegas da faculdade. Aproveitando a idéia da questão da nostalgia, tão impressa nos textos anteriores, vou começar essa série de resenhas musicais com a divertidíssima banda que mistura math rock e uma pitada de pós-rock The Advantage.
Tanto o math rock quanto o pós-rock podem ser levianamente definidos como estilos que fundiram o melhor do fusion, space rock, krautrock, pós-punk, hardcore e o rock progressivo. A idéia inicial ao ouvir uma banda do gênero é achar que se trata de um som simplesmente instrumental, porém a diferença está justamente na maneira como o pós-rock e o math criam suas composições rítmicas e as tocam, normalmente os dois estilos não possuem vocalistas, mas existem diversas exceções. The Advantage reúne tudo isso e um pouco mais.
Formada em 1998, na Califórnia, mais especificamente na cidade de Sacramento, a banda especializou-se em fazer covers de músicas clássicas do NES, fazendo desse artifício seu principal diferencial perante outras bandas do gênero. Entretanto a genialidade do grupo não consiste em apenas fazer cover, tendo só a tarefa de dar acordes às trilhas sonoras de sucesso, posso afirmar que The Advantage da primeira à última música dos seus álbuns, pois sentimos uma grande influência de nomes conhecidos como Explosions In The Sky, The Battles, Slint e até a poderosa profundidade sonora do acid jazz de Tortoise. O grupo inunda o ouvinte com um som ambiente, estruturado e com uma sagacidade instrumental única, pois a sintonia entre os integrantes pode alcançar o nirvana como beirar o caos. A banda é composta por dois guitarristas, um baixista e um baterista, respectivamente Robby Moncrieff, Ben Milner, Carson McWhirter e Spencer Seim, sendo o último integrante do duo Hella, influente banda californiana de noise rock, um dos responsáveis pela experimentação musical quase impercepcível que completa muitas das músicas.
The Advantage possui somente dois álbuns, The Advantage (2004) e Elf Titled (2006), ambos recomendados, já que o segundo é praticamente uma extensão da criatividade explosiva do primeiro. Nesse banquete de clássicos da era 8-bits, podemos nos deliciar com as melodias hipnóticas de Wizards and Warriors – Intro, Castlevania 3 – Evergreen, Ninja Gaiden – Mine Shaft e Marble Madness, ou ainda delirar com a inteligência sonora de Seim nas músicas Batman 2 – Stage 1, Double Dragon 3 –Egypt e Contra – Snowfields, e por fim se emocionar com Bomberman 2, Super Mario Bros. 2 – Overworld e DuckTales – Moon. É definitivamente um prato cheio para fãs de videogames, principalmente os que tiveram a chance única de viver naquela época pixelizada do NES e do SNES.
Felizmente The Advantage não é a primeiro e nem o único grupo a regravar músicas de videogames, podendo citar a banda de heavy metal The Black Mages, formada pelo nosso querido músico Nobuo Uematsu, responsável pela maioria das composições da série Final Fantasy! Outra que segue a mesma linha e merece um respeitável destaque, tanto por ser brasileira quanto pela sua originalidade, é a MegaDriver, fundada pelo paulistano Nino MegaDriver, cujo projeto de regravar no estilo heavy metal músicas de jogos do Genesis tornou-se reconhecido mundialmente, tendo até classificado como o gênero até então inexistente “game metal”.
Aos interessados, aqui está o MySpace da The Advantage, onde é possível ter acesso a alguns vídeos, acredito que argumentos suficientes para você decidir se vai adquirir ou não os dois álbuns, afinal, um pouco de nostalgia não faz mal a ninguém.
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