John Lennon é uma das figuras mais cultuadas do rock (e das artes, em geral) e a sua morte abrupta (em 8 de dezembro de 1980) aconteceu exatamente quando o artista havia lançado um (ótimo) álbum e fazia planos para retornar aos palcos depois de quase 15 anos sem fazer uma turnê.
Agora, perto da comemoração dos 80 anos de nascimento do músico (em 9 de outubro) várias homenagens programadas e produtos estão sendo lançados para lembrar o ex-beatle.
O autor, historiador, pesquisador, professor universitário, Ph.D. em inglês e especialista em Beatles, Kenneth Womack, acaba de lançar o livro “John Lennon 1980: The Last Days in the Life” (John Lennon 1980: Os Últimos dias da Vida”, em uma tradução livre), onde conta como Lennon viveu esses dias.
— A ideia de escrever sobre o último ano de vida do John já existia faz tempo. A maioria dos livros e revistas falam da morte dele e eu queria escrever sobre como foi a vida dele, do que estava fazendo e como estava vivendo — diz Womack, por vídeo ao Ambrosia.
Autor de vários livros sobre os Beatles e de dois ótimos livros sobre a carreira do seu produtor (Sir George Martin), Womack mostra que sempre termos algo para aprender sobre figuras icônicas como Lennon.
Um ano de retorno
Foi no período entre o fim de 1979 e início de 1980 que Lennon decidiu sair do “retiro” ao qual se impôs após o nascimento do filho (Sean). Foram quase seis anos “fora do radar”, fazendo pão e sendo um pai de família.
Em 1980, depois de ouvir a canção “Coming Up”, do ex-parceiro Paul McCartney, Lennon parece ter reacendido a chama da competitividade e passou a compor o que se tornariam os álbuns Double Fantasy e Milk and Honey (lançado após a sua morte).
— Acho importante que as pessoas saibam como era o processo criativo de Lennon, como foi a criação das canções que se tornaram o “Double Fantasy” (último disco lançado por John Lennon em vida). Esse era um dos meus objetivos — conta o autor.
O entusiasmo de Lennon era tão grande que até mesmo planos para uma grande turnê em 1981 estavam sendo feitos. E, apesar de muita coisa não ser de conhecimento público, Womack se esforçou na apuração dos fatos.
— Infelizmente, nunca saberemos tudo sobre esses planos, já que vários dos envolvidos neles já não estão mais entre nós, mas John pretendia mesmo fazer uma turnê mundial, o que poderia revitalizar ainda mais a sua carreira — revela Kenneth.
Um outro mundo, uma outra NY
Um dos aspectos mais interessantes do livro é a percepção de que o mundo (em 1980) era bem diferente daquele que temos hoje. Nada de Internet, redes sociais ou smartphones. Outra coisa que Womack fez questão de contextualizar em “John Lennon 1980: The Last Days in the Life” foi a realidade de Nova York naqueles dias.
— Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi como era diferente a Nova York onde John vivia. Não é nada parecida com a cidade que conhecemos hoje, em termos de segurança, por exemplo. Era um lugar muito mais violento, com certeza — diz o escritor.
A ligação entre Lennon e o Brasil
Muita gente sabe que Lennon tinha algumas conexões com o Brasil, embora singelas. Uma de suas canções com os Beatles (Across the Universe) teve os backing vocals de duas fãs, sendo uma delas (Lizzie Bravo) uma brasileira que morava em Londres.
E, no último ano de John Lennon, ele também teve alguma conexão com o nosso país. Algumas das coisas que John gostava de fazer eram cuidar do filho, preparar pão caseiro e responder cartas de fãs de “locais exóticos”.
Bem, um desses “locais exóticos” acabou sendo o Brasil e Lennon acabou respondendo três cartões postais para um jovem da Zona Norte do Rio e essa história está lá nas páginas escritas por Womack.
— Para a pesquisa desse livro eu procurei ouvir o máximo de pessoas que tiveram contato com John, ler todo e qualquer material que tenha sido publicado sobre ele ou gravado com ele, e algumas histórias interessantes acabaram aparecendo, como essa do Brasil (risos) — revela um bem-humorado pesquisador.
PS: o felizardo jovem é hoje um homem indo para a terceira idade e vive escrevendo textos como este.
Um raio-x dos últimos dias de vida de um gênio
“John Lennon 1980: The Last Days in the Life” é uma leitura que vai dar aos fãs do músico um raio-x do estado de espírito de John Lennon e colocar em contexto como era a vida do músico.
A obra não foca nas rusgas com os ex-companheiros da banda mais famosa do mundo ou nas loucuras dos anos 1970, mas, sim, na música que Lennon estava criando e pretendia criar.
O autor de “I’m the Greatest” era um gênio e parecia saber disso desde bem jovem. Agora, chegou a hora dos leitores saberem como era a rotina de uma das figura mais conhecidas do rock em todos os tempos.
Uau, ficarei no aguardo da publicação brasileira.