O cantor e compositor californiano Matt Kivel se prepara para lançar seu quinto álbum de estúdio, “Last Night In America”. O trabalho, que será divulgado em maio pelos selos Cascine (Nova Iorque) e Pedro Y El Lobo (Cidade do México), amadurece a sonoridade folk experimental e ambient do artista. Atualmente baseado em Houston, no Texas, Matt se inspirou em sua cidade natal para compor o primeiro single, “L.A. Coliseum”. A faixa está disponível nos serviços de streaming e ganha um clipe dirigido pela elogiada artista visual Sachiyo Takahashi, do Nekaa Lab, em Nova Iorque.
O último álbum do cantor, “Fires On The Plain”, foi lançado em 2016. Era um LP duplo composto de 26 músicas com uma produção complexa e apresentando renomados artistas convidados – entre eles, Robin Pecknold (Fleet Foxes) e Bonnie “Prince” Billy.
Kivel começou a trabalhar como músico em variadas bandas durante a primeira década dos anos 2000. A partir de 2013, o artista iniciou sua jornada solo com o lançamento de alguns cassetes de edição limitada que levaram ao álbum “Double Exposure”, naquele mesmo ano. Seguindo por um caminho mais introspectivo do que seus projetos anteriores, ele passou a explorar sintetizadores em canções acústicas com vocais brandos. Já o segundo disco, “Days of Being Wild” (2014), gravado com Paul Oldham (membro do Palace Brothers), foi sucedido por dois lançamentos consecutivos em 2016 – além de “Fires on the Plain”, veio também “Janus”, repercutindo em veículos como Pitchfork, BBC Music e The Fader.
Para “Last Night In America”, Matt voltou ao básico, reconectando-se com os elementos mais puros da sua música. Ele produziu o álbum inteiramente de casa, tocando todos os instrumentos e se concentrando em arranjos minimalistas. Isso resultou em 11 faixas que combinam texturas envolventes, batidas simples, guitarras quentes e vocais poderosos e de voz suave.
Visto de longe, “Last Night In America” é calmo e fácil de escutar. Uma mistura equilibrada de canções em clima ambient e músicas onde folk, lo-fi e indie-pop se misturam suavemente. Visto de perto, é uma obra na qual cada palavra, som e silêncio é cuidadosamente colocado com um propósito. É o tipo de registro que se desdobra lentamente e revela novos segredos a cada audição.
As letras ganham vida como velhos vídeos caseiros antes de se aproximar de uma imagem específica: um cigarro pressionado entre os dentes, uma risada nervosa que cheira a vodca, pés molhados na beira do riacho, um céu cheio de pássaros.
É muito provável que Matt Kivel tenha uma memória fotográfica. Talvez se possa supor que ele tenha dificuldade em abandonar as coisas. Mas o único fato verdadeiro é que o artista tem um talento inegável para transformar essa nostalgia em músicas de cortar o coração que desafiam todos os clichês.
“L.A. Coliseum” é uma breve história do amor platônico que acontece dentro da memória de uma luta de boxe. Em uma narrativa imagética, ele versa: “sangue pulverizado na primeira fila / mas nós estávamos bem no alto / no topo do estádio / rindo e bebendo cerveja / você sentou ao meu lado / colocou sua mão ocasionalmente nas minhas costas / e então você me contou sobre sua vida / e garotos com quem você esteve”.
O vídeo oficial do single foi criado e dirigido pela artista japonesa Sachiyo Takahashi. Além de ser um simples videoclipe, é a primeira peça de uma colaboração visual que se estende até o próximo vídeo e os visuais das apresentações ao vivo de Matt. Inspirada pela arte do álbum e pelas emoções que a canção evoca, Sachiyo consegue transformar a história em imagens abstratas feitas por uma mistura de luz, sombra, cores e formas assimétricas, tudo criado organicamente, sem efeitos digitais. É uma obra de arte que leva a sensação da canção a um nível subconsciente, cativando não apenas os olhos, ouvidos mas a mente como se fossem alucinações hipnagógicas.
Além da capacidade de encontrar poesia na vida cotidiana, as letras de Matt se destacam por falar sobre temas como amor, memória e juventude de uma forma que se conectam com os tempos atuais. A última linha do verso reconhece e aceita o passado da outra pessoa com tanta simplicidade que envergonha qualquer canção de sucesso que tenha idealizado relacionamentos possessivos.
Não há ciúmes aqui. Não existe “para todo o sempre”. Apenas alguém sincero e completamente absorvido por um momento. “L.A. Coliseum” é uma canção de amor desta geração – e há muitas outras como ela no álbum. Matt escreve de um lugar que é tão pessoal que é capaz de transmitir partes essenciais do zeitgeist millennial sem a necessidade de explicá-las. Acontece em pequenos momentos subestimados que escondem enormes verdades com uma frase cantada em uma cativante voz imperfeita.
O álbum “Last Night In America” tem previsão de lançamento para 10/05, em formato digital nas principais plataformas de streaming de música.
Confira o clipe:
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