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Os teóricos da comunicação sempre defendem que a mídia e os processos comunicativos que se dão pela mesma, evoluiriam pela convergência tecnológica. No mundo de hoje isso é quase banal de se ser analisado. Mas dentro dessa banalidade existe o fato; e o fato é que os que se destacam hoje no panorama midiático mundial, são os que melhor dialogam com esses níveis. Pronto, taí a explicação para o fenômeno Lady Gaga. E porque Telephone foi o Melhor Hit e Clipe de 2010, sedimentando a artista como um dos melhores signos da cultura Pop da década, independendo de gostar ou não de suas músicas.
Acima de análises críticas, a cantora, compositora, “agitadora”, performer e afins encontrou em 2010 um ano propício a seu ápice: conquistou o primeiro single #1 de 2010, no concorrido mercado musical inglês, com Bad Romance. Sua badalada turnê The Monster Ball conseguiu a façanha de lotar os difíceis espaços do Leste Europeu e suas capas em revistas como Q e Vanity Fair, renderam polêmicas e/ou formam proibidas em bancas americanas por insinuação de nudez (!). Em 2010 ela superou o presidente Obama em “curtições” no Facebook e Britney Spears, em seguidores no Twitter. Foi incluída na lista das 25 pessoas mais influentes do planeta, pela Times e papou quase todos os principais prêmios do Brit Awards (3), MTV Europe Awards (3) e MTV Video Music Awards (8 impressionantes prêmios, numa mesma noite).
Já é mais do que sabido (e estudado) que Gaga “se constrói” através de uma entourage quase institucionalizada o Haus of Gaga, que planeja milimetricamente seus passos imagéticos par compor o que ela se tornou. Mas é inegável que quando promove uma emblemática apresentação numa premiação, cantando Paparazzi, com um figurino andrógino simulando um sangramento, vemos que ali existe mais do que um produto e sim uma forma profissional evocar uma personalidade artística.
Mas porque Telephone foi o grande hit de 2010? Uma parceria valiosa com Beyonce, numa construção sonora com um groove muito bem harmonizado e uma letra sexista, mas de facílima assimilação. Fora que, sabendo explorar muito bem suas possibilidades audiovisuais, Gaga vem produzindo clipes antológicos que se sustentam na experimentação artística de uma provável mensagem e/ou na imposição de uma mítica para repercutir numa geração (algo “criado” pelo gênio Michael Jackson e muito bem assimilado e vitalizado por nomes como Madonna e Prince). Telephone, dirigido por Jonas Akerlund (papa dos clipes tendo já trabalhado para Mika, Rolling Stones e citada Madonna, inclusive, dirigindo seu último e interativo clip Celebration, muito bom, por sinal), num trabalho recheado de referências cinematográficas e literárias, sendo quase um curta metragem, com sua extensa e bem aproveitada duração de nove minutos. Óbvio que o fator provocação é outro item que contribuiu bastante para o clipe. Lesbianismo, banalização da morte e contravenções são explorados rotineiramente na produção, mas nada ali é levado a sério e o ar kitsh faz toda a diferença no resultado final.
Telephone é a prova de que vivemos num tempo em que o politicamente vive na linha tênue entre o correto e o incorreto, e quem disse que isso importa alguma coisa? Lady Gaga é uma junção de retóricas, até de si mesma como produto e artista, mas a evolução da espécie nos deu senso de diagnosticar aquilo que queremos reter. E hoje ela tem funcionado como os dois.
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