O Kasabian debutou em 2004 com o álbum que levava apenas o nome da banda e chamou a atenção da cena musical. Naquele momento, o rock britânico, que reinava absoluto na década anterior, tentava recuperar o prestígio perdido com o estouro dos americanos dos Strokes, que desencadearam uma onda roqueira no mundo inteiro (como os suecos do The Hives e os australianos do The Vines e do Jet) na qual a terra da Rainha não encontrava muito protagonismo.
Quando o Kasabian lançou o single ‘Club Foot’, imediatamente virou queridinho da mídia. Agora a banda de Leicester volta com um novo trabalho de estúdio chamado “For Crying Out Loud” (Sony, 2017). Não traz nenhuma novidade ou rebuliço que gere alguma redefinição de standards, mas conta com 12 faixas, em sua maioria com resultado satisfatório. A faixa que abre o disco, ‘III Ray (The King)’, parece ter sido composta com a pretensão de virar hino entoado por torcidas em estádios de futebol, como aconteceu com ‘Seven Nation Army’ do White Stripes.
As duas faixas seguintes, ‘You’re In Love With A Psycho’ e ‘Twentyfourseven’, apesar de bem desenhadas, não saem da segura zona de conforto.‘Good Fight’, de levada sessentista, eleva o moral do disco após um início não muito empolgante. A faixa seguinte, ‘Wasted’, é de fácil audição, assim como a seguinte ‘Comeback Kid’. ‘Are Looking for Action’ é um épico disco de 8 minutos e 22. O terço final é a parte mais inspirado com as ótimas ‘Sixteen Blocks’, ‘Bless This Acid House’ e ‘Put Your Life On It’.
É fato que Tom Meighan (vocal), Sergio Pizzorno (guitarra, teclado e percussão), Chris Edwards (baixo) e Ian Mathews (bateria) estão bastante confortáveis no posto de banda mainstream, mas esse conforto ainda não se converteu na perigosa acomodação, que destrói muitas bandas logo no segundo trabalho. Lançando o sexto disco, o Kasabian ainda se mostra esforçado. A capa conta com a foto de um roadie de longa data da banda chamado Rick Graham. A produção ficou a cargo de Pizzorno (principal compositor de todas as faixas), que desempenhou a função com proficiência e segurança.
No mais, se “For Crying Out Loud” não chega com o propósito de romper ou criar paradigmas, ao menos mantém sua integridade. As influências para o trabalho vai de Nirvana a Claudio Raniere, passando por Bruce Springsteen e David Bowie. E ‘Comeback Kid’ estará na trilha sonora do jogo FIFA 17. A edição deluxe do disco traz um show ao vivo com 15 faixas.