Ilha de Paquetá vence batalha por poesia

A pequena e bucólica Ilha de Paquetá no Rio de Janeiro está vivendo dias agitados. Tudo por conta do cenário político nacional e da guerra particular de um servidor comissionado contra a poesia. Apoiador de primeira hora do presidente eleito Jair Bolsonaro, o suboficial da reserva da Força Aérea Brasileira, Edson Moreira Brígido, que se autointitula Barão da Pontinha – em referência a um rochedo sem habitantes na Ilha da Madeira, em Portugal, e autoproclamado autônomo pelo seu proprietário, condição não reconhecida por nenhuma nação -, assumiu a administração do vilarejo e foi exonerado em questão de dias. O estopim foi a briga de Brígido, nobre imaginário, contra as forças ocultas da poesia. Ex-candidato a deputado com inexpressiva votação, Brigido teve seu nome referendado como administrador da Ilha pelo prefeito Marcelo Crivella do Rio de Janeiro e pelo PSL, partido controlado pela família Bolsonaro, a quem fez campanha explícita e tenta demonstrar proximidade através de postagens em redes sociais.
Em sua atuação burlesca de briga contra a poesia Brígido mandou retirar plaquetas com frases e poemas feitas e colocadas pelos próprios moradores em vários pontos da localidade. A ação desagradou os locais. O Barão da Pontinha, que já era acusado de assediar e pedir a transferência de funcionários que não tinham votado em seu candidato a presidente, desagradou os locais com sua atitude autoritária e despropositada e teve sua exoneração publicada na manhã desta segunda-feira (05).
Moradora de Paquetá, tradicional ponto de concentração e refúgio de artistas, a professora Cristina Campos, 57, destaca o desgosto com a atitude do ex-administrador:
“É um choque. A gente aqui tenta criar um ambiente diferente da cidade. A gente tem essa sensação de estar seguro e de amizade com todos. Aqui existem muitos artistas e a gente vive junto. Nós vivemos a cultura, a alegria e a beleza. E de repente chega uma pessoa com essa atitude. Isso é muito agressivo para a gente”.
Nenhuma das peças retiradas por Brígido oferecia riscos ou prejudicava o crescimento das árvores locais, protegidas por lei, pois estavam penduradas com fios ou arames.

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