Jonathan Ames, o escritor, boxeador (?) e roteirista norte-americano que ficou mais conhecido por ter criado a genial série “Bored to death” para a HBO – onde o personagem principal, Jonathan, resolve virar detetive particular depois de tomar um pé na bunda da namorada por passar os dias bebendo vinho branco – , é o autor do roteiro dessa graphic novel impactante pela sinceridade e realismo com que trata o problema do alcoolismo, sem incorrer em julgamentos cristãos ou falso moralismo.
(Se faz necessário um pequeno parêntese aqui: acho simplesmente O FIM esse termo “graphic novel”, que se convencionou adotar ao tratar de livros em quadrinhos com uma história só. Sejamos menos jecas e vamos passar a tratar esse tipo de publicação como ÁLBUM, certo? Prometo que foi a última vez que vocês leram “graphic novel” no nobre espaço dessa coluna.)
Temos aqui de novo um personagem chamado Jonathan, bom aluno, inteligente, etc, que na adolescência descobre com seu melhor amigo Sal os prazeres de ver a vida através das lentes turvas do álcool. A coisa vai progredindo até sair bastante de controle. É como aquele famoso aforismo do Fitzgerald: “Primeiro você toma um drink, então o drink toma um drink e depois o drink toma você”.
Duas linhas narrativas se cruzam no livro, a evolução do problema da bebida na vida de Jonathan e sua relação – bastante ambígua – com Sal ao longo dos anos.
No meio disso temos frustrações amorosas (mais drinks), ressacas morais (muito mais drinks) e episódios decadentes muito comuns para quem bebe COM FORÇA, como se cagar todo no meio da rua, acordar com uma velha semi-mendiga querendo foder no banco traseiro de um carro e dormir coberto de areia embaixo de um pier.
Mas ora, quem nunca passou por isso pelo menos uma vez na vida?
O que? Vocês não passaram? Sério??
Bem, ãh… Eu também não, imaginem, só ouvi falar.
A arte ficou por conta de Dean Haspiel, um veterano que já trabalhou com Harvey Pekar, entre outros roteiristas. Os desenhos não têm grande vôos como se esperaria ao ilustrar uma história dessas, de pequenas descidas ao inferno, mas também não comprometem. Dean chamou alguém para colocar umas sombras espertas e conferir certa sofisticação aos quadros, em vez do preto & branco puro.
Além disso, o Jonathan de “The Alcoholic” é desenhado com a fisionomia do próprio Jonathan Ames, o que colabora para tornar mais confusa a questão de ser uma obra autobiográfica ou não. Ponto para a dupla, afinal quem gosta de história bem explicadinha é criança chata.
Espero que algum editor no Brasil abra os olhos e lance essa pequena pérola por aqui em breve.
Cheers!
[xrr rating=4.5/5]
"O FIM" e "CHEERS"… vá.
Quaaase comprei ano passado. Damn, preciso correr atrás disso novamente.
FASCISTA MENTIROSO DE MERDA