“ULTRALAFA – O MUNDO PARALELO DO NOSSO DIA A DIA”
Daniel Lafayette – Leya / Barba Negra
Já era hora mesmo de Daniel Lafayette – o Monstro da Glória, para os íntimos – ter um álbum lançado compilando anos de suas tiras nos mais diversos formatos.
É um clichê de merda falar na “edição caprichada” e blábláblá, mas nesse caso é preciso MESMO ressaltar o cuidado com o que o livro foi tratado pela Editora LeYa e Barba Negra, resultando num objeto que até mesmo o mais bocó dos publicitários adoraria ter na sua mesa, á mostra para todo o pessoal da fiRRRma e os amigos – publicitário tem amigo?
Acho difícil, mas vá lá – verem e babarem. O formato quadrado, a capa, o conteúdo, tá tudo muitíssimo bem elaborado. Quase 180 páginas coloridas e tudo permeado por passagens… em 3D!! Que tal? No lançamento aqui no Rio vinha um daqueles óculos de
papelão com as lentes coloridas para ver essas partes em toda a magnitude que só o 3D old school, o 3D de várzea, permite. 3D de computador é coisa de Jacu, como diria o Picapau do desenho animado.
Por conta de certa obtusidade reinante, Lafa publica pouco na mídia impressa e esse livro – além de lindo – é um testemunho vivo de que acabou essa história de só ”que quem publica” é quem sai em jornais e revistas. Foda-se, esse gênio publica há anos no
seu blog para alegria de uma legião de leitores, ou seja, publica SIM, porra. E ganhou um álbum á altura, de novo palmas para a Barba Negra.
O difícil é escolher qual as melhores séries de tiras. “Alguns motivos para não ir à praia no final de semana”, os comerciais falsos estilo “ligue já” ou “A história de Mukani”. Eu pessoalmente passo mal com a série “Dias de Glória”, sobre o cotidiano no seu
prédio situado no epicentro do travequismo carioca.
O desenho dele é uma cruza de Matt Groening, Keith Haring, Nassara e conhaque Dreher. Eu sempre tentei investir nesse esquema de misturar animais fofinhos com bizarrice, mas como meu desenho é muito porco, nunca obtive sucesso nessa empreitada. Ao contrário de Lafa, que reina soberano nessa área ao lado de caras como Jim Woodring, Gary Baseman e o cara que fazia o insano Happy Tree Friends, só pra citar alguns.
No começo dos anos 2000 a gente trocava uns e-mails. Ele falava que visitava o Adão na Urca e esse o obrigava a comprar cervejas na padaria, hehehe. Por sinal, é o Adão que prefacia o livro, babando o ovo do ex-pupilo merecidamente.
E nas últimas páginas tem uma troca de e-mails onde Laerte faz uma espécie de mea culpa por ter plagiado involuntariamente uma tira dele.
Tá bom assim ou querem mais?
Querem mais? Então vão pra puta que o pariu.
[xrr rating=5/5]
A História de Mukani é uma das coisas mais geniais que já li desses lados dos quadrinhos.