“Nova quer saber quem é o Vigia e qual seu propósito no universo. Ao fazer uma visita a Uatu, ele descobre que o passado da estranha raça de observadores à qual o observador pertence esconde uma tragédia – sem perceber que outra está prestes a acontecer…”
Há um certo tempo, a ideia de uma edição zero para uma HQ parecia tão absurda, que era motivo de brincadeira, pela questão matemática em si. Contudo, de um tempo pra cá, mais preciso, nos últimos três anos, a Marvel e a DC tem usado a fórmula costumeiramente. Indo além da introdução de um novo sistema de numeração, o uso da edição zero criou uma nova categoria de quadrinhos.
Não são edições que fazem parte de um arco, elas servem como um prólogo, e na maioria das vezes, tem pouco impacto no título que apresenta, podemos até ignora-las, pois não perderemos nada em relação a história principal. E o desafio dos novos títulos está aí, tornar a edição zero mais significativa, oferecendo um peso emocional que vai impactar no argumento da série que abrirá.
Em Pecado Original #0 (Original Sin # 0), a Marvel apresenta sua mais nova saga, e como um teaser de um filme, a edição zero repassa o que será o evento que Jason Aaron e Mike Deodato Jr irão conduzir nos demais números. O título chegou recentemente às bancas pela Panini, e traz roteiro de Mark Waid e arte de Jim Cheung e Paco Medina, com uma história bem simples, que trata da origem até então secreta de Uatu, o Vigia, a partir do ponto de vista do atual Nova, o adolescente Sam Alexander. Introduzindo os personagens da Casa das Ideias ao leitor, a história a origem do voto de passividade dos Vigias entre outras informações que Aaron irá explorar com certeza, além de esclarecer o multiverso marvel numa abordagem rápida e sem complexidades.
O uso da perspectiva de Nova dá um tom mais pessoal à história, que Waid faz sem perder o tom, com poucas ressalvas, como no confronto de Nova contra um robô fingindo ser um deus asteca (wtf?). Demonstra também o quanto Sam ainda é imaturo, sem experiência e imediatista. É esta mentalidade que o leva a explorar a vida do Vigia e a indagar sobre seus pensamentos e segredos, unilateralmente falando, pois o ser super-poderoso sempre apareceu narrando acontecimentos para os leitores ou testemunhando silenciosamente, que só ocasionalmente fez a sua presença conhecida. Algo que o autor modifica, pois as conversas de Nova, dão ao estático e planar personagem uma personalidade que transmuta o próprio pensamento do jovem, que passa a entender o por quê do fardo que os Vigias carregam e o seu próprio valor. Surpreende a maneira que o relacionamento dos dois personagens com seus pais são comparados, que mesmo antagônicas possuem elos de ligação, o que parece mais ainda os aproximar.
A HQ cumpre o papel de apresentação, em especial, quando dispõe a mácula do erro como uma lei universal, tal igual a lei da gravidade, e quanto esse pecado original impede outros a procurarem o poder de vigília do multiverso e suas complexas e eventuais distorções. Wait adiciona um peso emocional à trama que se iniciará, e que o Jason siga a medida.
Em relação a arte, Cheung e Medina seguem com o padrão que o fizeram reconhecidos, mas a arte-final de Mark Morales, Guillermo Ortego, Dave Meikis e Juan Vlasco conseguem mascarar a variação dos dois estilos. E o visual, as cores e os quadros definem bem a sólida arte coletiva que foi desenvolvida para a edição.
Pecado Original, edição zero, é uma história reveladora que atinge os novos leitores pois abre a história do Universo Marvel para quem desconhecia. Waid trabalha com uma história simples, mas que entretém, e dá uma passagem para a saga que virá. Recomendo.
SERVIÇO Minissérie, Formato 17×26 cm, 44 páginas, Papel LWC, Capa Couché, Lombada Canoa, R$5,90
PS: A revista ainda trás uma aventura do Nick Fury, para fechar o preenchimento das páginas da revista.
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