As pulps estão voltando! A estética dos quadrinhos retrô com roteiros divertidos e escapistas ganha força após a Dynamite trazer alguns dos personagens dos anos 1930 com novas roupagens. Um nome que declara aos quatro ventos que é um fanático pelas histórias pulps é Francesco Francavilla. Para quem já conhece o trabalho que o italiano fez na Marvel, na DC Comics ou mesmo na citada Dynamite seguramente lembrará a arte do autor, com suas características retrô, tanto nas capas ou no interior de seus vários trabalhos.
Para falar desse novo trabalho que Francavilla apresenta devemos inicialmente retornar ao passado, mais precisamente a 2006, quando o quadrinista publicou uma série de esboços de Black Beetle em um fórum de artistas. As opiniões dos participantes o levaram a realizar uma webcomic de ambientação pulp em 2009. Entretanto, quem seria o protagonista? No seu blog, dedicado ao mundo das histórias pulp, o autor criou uma enquete para que seus leitores elegessem entre Black Beetle ou Max Malone. Dois terços optaram pelo primeiro personagem, descrito como “um vigilante mascarado no estilo das novelas pulps dos anos 1940/1950 e sci-fi”, ambientado em Colt City, uma cidade que mescla a Nova Iorque com Gotham. Durante o ano de 2009, Francavilla publicou as páginas de seu Black Beetle, foram dez páginas, as quais venderiam numa convenção de quadrinhos no formato ashcan. E daí em diante a história renderia um personagem que recuperaria em pleno século XXI um teor que acreditava que tinha sido perdido.
Black Beetle saltou do formato digital ao físico em 2012 pela Dark Horse, que se mostrou muito interessada no trabalho de Francavilla. A publicação saiu pela Dark Horse Presents com uma história de três partes com vinte e uma páginas, reeditada na edição #0 de The Black Beetle. Além disso, em janeiro deste ano, foi lançada uma minissérie, No Way Out, em quatro edições que aqui resenharemos.
RESENHA
A minissérie abre com a história apresentada na Dark Horse Presents, Night Shift, uma trama policial, com mistério e bastante realista.
Falando de No Way Out, temos uma narrativa de mafiosos, próxima ao policial noir, ao melhor estilo O Poderoso Chefão. O personagem é a matiz que reúne elementos de tantos outros da época pulp como também de seus herdeiros, os super-heróis: valente, impulsivo, hábil na luta corpo a corpo e com armas, possuidor de qualidades de investigação e dedução, entre outras características.
A narrativa se concentra na investigação de um caso misterioso, e nós leitores, somos levados a se inteirar das pistas e decifrá-las com ele. O autor cria um interessante e curioso vilão, que o desafia em pé de igualdade, pondo-o em risco mais de uma vez, porém, cometendo o típico erro dos vilões: não assegurar a vitória. Esses aspectos não correspondem a uma espécie de erro do autor, mas sim parte de sua intenção para igualar sua história com as obras clássicas deste gênero dos anos 30.
Desta maneira, Francavilla nos convida a esse cenário de Ficção numa proposta atrativa porque a medida que se avança a narrativa o universo se amplia, construindo e desenvolvendo intermezzos para uma possível saga futura. O roteiro e o trabalho gráfico de Francavilla se confundem, por ser uma homenagem de um fã, a narrativa segue os clichês pulps, mas as ilustrações são ponto forte da minissérie, e o que mais atrai. A composição de cada pagina, muito criativa, usando recursos visuais para fins narrativos, lembra muito as lições de Will Eisner, o qual destaca especialmente o aproveitamento de páginas duplas, o jogo de cores nas ilustrações, os conteúdos que conduzem a uma leitura com elementos ilustrativos e vinhetas de uma forma magistral.
Em suma, Francavilla nos compra com sua arte e ainda mais com o personagem. Será que chega por aqui? Muito em breve resenharemos a continuação, The Black Beetle: Necrologue, bem mais tenebrosa.
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