A vida costuma nos pregar peças, ou assim damos sentido aos acontecimentos caóticos que compõem nossa trajetória. Após desconsiderar o peso de Daniel Clowes três quartos de hora antes, acabei debruçado com Adrian Tomine na graphic novell Summer Blonde em uma das paisagens mais idílicas do Rio de Janeiro. Na mosca!
Absorver a melancolia cotidiana longe do relógio urbano pode se revelar uma verdadeira terapia e Adrian Tormine, assim como Charles Bukowski, domina com maestria a arte de tornar interessantes incidentes ordinários, mesmo que utilizando abordagens completamente diferentes.
Tomine – um autor praticamente desconhecido dos holofotes que brilham por roupas coladas e poderes que beiram o ridículo na indústria dos quadrinhos, possui uma carreira de mais de vinte anos no mercado independente na América do Norte através da série Optic Nerve – lançada atualmente pela editora Drawn & Quarterly.
Dentre as várias compilações lançadas de Optic Nerve, Summer Blonde se destaca por reunir quatro histórias independentes da série e funcionar como excelente ponto de partida para conhecer o trabalho autoral de Tomine – Além claro de permitir uma interessante reflexão sobre nossa própria existência, mesmo tratando de questões completamente desconexas.
Muito comparado ao estilo visual de Clowes, influência exacerbada por Tomine, as ilustrações e a narrativa visual do quadrinista são praticamente impecáveis. Com quadros devidamente delimitados, cada ilustração primeiro se apresenta para contar a história pretendida, um cuidado em tanto que falta para boa parte dos ilustradores no mercado de quadrinhos.
Summer Blonde não é para qualquer um, mas realmente vale apostar no talento de Adrian Tomine.
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