No dia 7 de setembro, sábado, a comédia A Caseira e a Catarina ou O Processo do Diabo – peça escrita por de Ariano Suassuna com direção de Fernando Neves – estreia no Espaço Parlapatões, onde segue em temporada até o dia 29/9 com sessões às quartas e aos sábados, às 20h30, e aos domingos, às 19h.
A montagem traz ao palco Pedro Diniz Ferreira Quaderna, personagem originário do Romance d’A Pedra do Reino (1971), em meio a um imbróglio que envolve uma parteira, seu marido cafajeste, uma prostituta, o juiz da comarca, o Frei, um advogado, além do Diabo, que deve ser julgado por não cumprir um acordo. Com um humor ácido e preciso, o mestre Suassuna apresenta uma obra rica, delirante e excepcional, para além dos costumes sertanejos.
No enredo de A Caseira e a Catarina ou O Processo do Diabo, Dona Júlia (Patricia Gaspar), a parteira da cidade, tem seu marido “tomado” por Carmelita (Fernanda Cunha), a prostituta do rói couro. Para ter o marido de volta ela faz um pacto com o Diabo para levar a alma de Manuel Souza (Fábio Espósito) para o inferno. Como o diabo não cumpre o acordo, ela o intima para um julgamento. O circo está montado. O juiz da comarca, Dr. Rolando Sapo (Guryva Portela), é quem julgará o caso. Na defesa de Dona Julia, o advogado Ivo Beltrão (Henrique Stroeter) e na defesa de Manuel Sousa e Carmelita está Frei Roque (Tay Lopez). Fazendo os conchavos para solucionar o caso, o protagonista Quaderna (Jorge de Paula) tenta de todas as formas ganhar tempo para amenizar o possível final tragicômico. Nesta brincadeira teatral Suassuna une a “justiça de Deus” e a “justiça dos Homens” em um mesmo imbróglio.
Em meio à toda essa confusão, tem a carola Dona Adelaide (Renata Maciel) que exige proteção do juiz para que Carmelita não tome de volta seu porco, pois acredita ter o direto de ficar com o animal, já que ele quebrou sua cristaleira. E não é que o atrapalhado e decadente juiz acaba confundindo o porco de Carmelita com o marido “porco” de Dona Júlia? Mais um quiproquó que tempera a hilária trama de Suassuna.
A Caseira e a Catarina ou O Processo do Diabo é uma comédia de caráter popular e diálogo direto que une a estética sertaneja, inspirada no romanceiro nordestino, do trovador ibérico ao circo-teatro que tanto fascinava Ariano; uma combinação de arquétipos das manifestações e brincadeiras populares do povo do sertão. A cenografia – assinada por Manuel Dantas Suassuna (artista plástico, filho de Ariano) – traz painéis de traços e elementos característicos da cultura popular do nordeste e do universo visual de Suassuna. A trilha sonora original foi composta por Renata Rosa e a sonoridade ao vivo, criada e executada por Renata Maciel e pelos atores. Os figurinos têm assinatura de Carol Brada, e Rodrigo Bella Dona é responsável pela luz da montagem. A concepção de Fernando Neves é uma reinterpretação do circo-teatro, uma junção do circo-teatro com a obra de Suassuna. “A questão técnica deve ser preciosa na composição do ator: tempo e ritmo são fundamentais para o protagonismo das cenas, trazendo a graça e fisgando o público pelas ironias irretocáveis, pela qualidade cômica do texto que dispensa cacos e improvisos”, comenta.
Foi em uma matéria de página policial de jornal que Ariano Suassuna ouviu pela primeira vez a história da mulher que queria prender o diabo. O autor escreveu a história, em 1961, por encomenda de Hermilo Broba Filho, a partir do fato verídico ocorrido em Limoeiro/PE. A Caseira e Catarina ou o Processo do Diabo trata-se do terceiro ato da obra As Conchambranças de Quaderna, ao lado de O Caso do Coletor Assassinado e Casamento com Cigano pelo Meio.
FICHA TÉCNICA – Texto: Ariano Suassuna. Direção: Fernando Neves. Elenco: Jorge de Paula, Fábio Espósito, Guryva Portela, Henrique Stroeter, Tay Lopez, Fernanda Cunha, Patrícia Gasppar e Renata Maciel. Concepção cenográfica: Manuel Dantas Suassuna. Trilha sonora original: Renata Rosa. Trilha sonora incidental e sonoridades ao vivo: Renata Maciel e Fernando Neves. Figurinos: Carol Brada. Desenho de luz e operação: Rodrigo Bella Dona. Produção executiva: Madu Arakaki e Gabriela de Sá. Idealização e produção: Cia. Vurdon de Teatro Itinerante. Fotos: Erik Almeida. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Edital: ProAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo – Edital nº 01/2023 – Teatro / Produção de Espetáculo Inédito.
Espetáculo: A Caseira e a Catarina ou O Processo do Diabo
Temporada: 7 a 29 de setembro de 2024
Dias/horários: Quartas e sábados, às 20h30, e domingos, às 19h.
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada).
Vendas antecipadas: www.sympla.com.br. Bilheteria: 1h antes das sessões.
Duração: 75 minutos. Recomendação: 12 Anos. Gênero: Comédia.
Na rede: @caseiraecatarina.
Espaço Parlapatões
Praça Roosevelt, 158 – Consolação. São Paulo/SP. CEP 01303-020
Telefone: (11) 3258-4449. @parlapatoes.
Comente!