Era uma vez, numa cidade do Texas, um garotinho chamado Sheldon Lee Cooper. No ano de 1989, então com nove anos de idade, Sheldon estava prestes a entrar no ensino médio. Sim, porque o menino era um prodígio e, como todo prodígio, ele sofria um bocado – em especial pela não aceitação na escola e pelo fato de ser um incompreendido no seio de sua simplória família.
Young Sheldon é a série derivada de The Big Bang Theory, e desde que foi anunciada gerou igual número de fãs ansiosos e haters com sangue nos olhos – com os fãs ganhando a primeira batalha, porque a exibição do piloto contou com mais de 17 milhões de telespectadores ao vivo nos EUA.
Sheldon Cooper, interpretado por Jim Parsons na série original, não foi criado com a intenção de ser protagonista, mas acabou ganhando cada vez mais espaço com o passar do tempo devido à sua excentricidade e ao talento inegável de Parsons. Nada mais natural, sob a óptica do lucro de Hollywood, que explorar Sheldon ao máximo, e capitalizar com uma nova série.
Desde o começo foi levantada a hipótese de que Sheldon teria Síndrome de Asperger, o que justificaria suas poucas habilidades sociais, inteligência extrema e interesses restritos. Os criadores de The Big Bang Theory, Chuck Lorre e Bill Prady, foram rápidos ao negar a hipótese. Em tempos de politicamente correto, não somente é de mau gosto fazer rir com um personagem que apresenta um transtorno, mas também é mais difícil ser fiel na representação clínica deste personagem.
Dito isto, Young Sheldon só pôde existir porque os criadores negaram o diagnóstico. A série vem sendo anunciada desde o início como uma história de origem de um personagem tão querido e peculiar. O problema é que, ao menos no primeiro episódio, mais e mais características apontam para o Asperger.
O episódio piloto de Young Sheldon não mostra quase nada além das cenas que formaram os dois trailers da série. A síntese do piloto está lá, nos trailers. O destaque fica, realmente, para Zoe Perry como Mary, a mãe de Sheldon, que faz de tudo pelo bem do filho – e ele retribui com um amor estranho, mas incondicional. Iain Armitage, de Big Little Lies, é carismático e interpreta bem o proto-Sheldon, em uma caracterização perfeita. Lance Barber, que já fez uma participação em The Big Bang Theory como outro personagem, é George, o pai banana de Sheldon, e Raegan Revord tem bons momentos como Missy, a sarcástica irmã gêmea do gênio.
Young Sheldon não é uma série de comédia o tempo todo. Há, sim, momentos engraçados, e outros que só serão apreciados por quem já acompanha The Big Bang Theory – como a galinha! – mas há um grande potencial a ser explorado na série. Sem laughing track e filmada com uma só câmera em vez das três presentes nos estúdios das sitcoms, Young Sheldon pode entregar episódios com doses iguais de comédia e drama, capazes de gerar algumas lágrimas e suspiros – ao estilo de One Day at a Time, da Netflix.
O potencial existe, agora basta achar um ponto de equilíbrio e o time Lorre-Prady já terá mais um sucesso por alguns anos.
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