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Festival do Rio: “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” – vencedor do Redentor de Melhor Filme

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Grande vencedor da Premiere Brasil do Festival do Rio 2011, A Hora e a Vez de Augusto Matraga, do novato diretor Vinícius Coimbra, é a segunda adaptação para o cinema do conto do escritor mineiro Guimarães Rosa. A primeira foi dirigida por Roberto Santos, em 1965.

Augusto Matraga (João Miguel, que mais uma vez entrega uma interpretação notável) é um fazendeiro destemido e vingativo, figura mítica no sertão de Minas Gerais. Quando sua mulher foge com outro homem, ele busca vingança, mas é capturado por vários jangunços a mando de um coronel da região, espancado e dado como morto. Porém, Matraga é salvo por um casal de religiosos que passa a tratá-lo como filho. Ele se transforma em um homem fiel aos princípios de Deus.

Com excelentes coadjuvantes do quilate de José Wilker e Chico Anísio (todos premiados, assim como o protagonista), Vinícius surpreende pela eficiência técnica de seu longa. Com bases nos faroestes sessentistas de Sergio Leone, o filme resolve bem essas pretensões formais. E o diretor alimenta bem esse universo. O ponto negativo é a carência de um roteiro mais consistente, principalmente no tocante às razões de seu protagonista, posto que o conto de Rosa é bem idiossincrático na resolução disso. Acaba que na conceituação de seu anti-herói o resultado é raso e o clímax final fica meio deslocado do tom narrativo do filme até ali.

Por isso o espanto de praticamente toda a crítica com o prêmio de melhor filme do Festival. Ainda que tenha notáveis qualidades, a seleção tinha exemplares mais completos e satisfatórios do que a saga de Matraga. Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios, O abismo Prateado e até Sudoeste eram superiores…

Mas é bom ressaltar que Coimbra, que é um conhecido diretor de novelas, consegue se desvencilhar dos paradigmas televisivos que seu cargo carrega e entrega um filme da mais pura cinefilia universal. É um diretor que promete muito ainda, e, como bem disse quando subiu ao palco para recer seu Redentor de Melhor Filme: o Brasil tem espaço para aqueles filmes que se esgueiram entre o autoral e o amplo diálogo com o público.

[xrr rating=3.5/5]

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