"Deadpool 2" mantém a diversão, mas não traz maiores inovações – Ambrosia

"Deadpool 2" mantém a diversão, mas não traz maiores inovações

"Deadpool 2" mantém a diversão, mas não traz maiores inovações – Ambrosia

Se houve um filme que conseguiu abalar com as estruturas de um gênero que vive seus melhores anos, esse filme foi “Deadpool”. Afinal, quem apostaria em um filme estrelado por um anti-herói que só os maiores conhecedores de quadrinhos sabiam de quem se tratava? Mas foi justamente pela falta expectativa que seu “modus operandi” acabou conquistando todo mundo e, de uma hora para outra, ganhou fama e fãs dignos dos heróis “Série A” da Marvel, além de dar um novo gás na carreira de Ryan Reynolds, que chegou até a ser indicado ao Globo de Ouro por sua atuação como o Mercenário Tagarela.
Assim, não demorou muito a surgir uma sequência que, como não poderia deixar de ser, procura superar o filme original em tudo, seja na ação incessante ou no número de piadas e referências pop por segundo, elementos que ajudaram (e muito) na primeira parte. A questão é que, mesmo sendo divertido e tendo um ou outro momento bastante inspirado, “Deadpool 2” (idem, 2018) atira com sua metralhadora giratória para todos os lados, mas não consegue acertar o alvo tão bem quanto o seu antecessor.
Na nova trama, Wade Wilson (Ryan Reynolds) continua a agir como o mercenário Deadpool, realizando missões sempre com o seu jeito irônico de ser, e ainda vivendo seu romance com Vanessa (Morena Baccarin). Uma reviravolta, no entanto, faz com que ele passe a ser ainda mais autodestrutivo, o que acaba o levando de encontro (novamente) aos X-Men Colossus (Andre Tricoteux, com a voz de Stefan Kapicic) e Negasonic Teenager Warhead (Brianna Hildebrand), além da novata Yukie (Shioli Kutsuna) e a um novo mutante problemático chamado Russell (Julian Dennison).
Só que as coisas ficam ainda mais complicadas com o surgimento de Cable (Josh Brolin), um caçador cibernético vindo do futuro com uma misteriosa missão, o que leva Deadpool a formar uma nova equipe, a X-Force, formada por Domino (Zazie Beetz), Bedlam (Terry Crews), Zeistgeist (Bill Skarsgård), Shattlestar (Lewis Tan), Vanisher (que está sempre invisível) e Peter (Rob Delaney), o único que não tem poderes. Com o grupo, Deadpool tentará impedir Cable e, talvez, consiga encontrar o herói que há dentro dele.
Com mais dinheiro liberado pela Fox, é inegável que “Deadpool 2” foi tratado como um mega-blockbuster. E isso pode ser visto com um maior número de locações, fotografia mais apurada (assinada por Jonathan Sela) e efeitos especiais bem mais caprichados. Tudo muito bem conduzido por David Leitch, que substituiu Tim Miller e se tornou um nome quente em Hollywood após assinar “De Volta ao Jogo” ao lado de Chad Staheski e depois mostrou (muito) serviço no ótimo “Atômica”, com Charlize Theron.
No entanto, se por um lado o cineasta se mostra hábil nas cenas de ação (e também de escatologia) não se revela tão bom na hora de fazer humor, já que ele parece confiar demais em seu elenco e deixa os atores soltos demais, deixando o resultado irregular.
Mais uma vez assinado por Rhett Reese e Paul Wernick (além do próprio Ryan Reynolds, que também é o produtor do filme), o roteiro também apresenta muitos altos e baixos, que acabam comprometendo a diversão. Embora sejam bem engraçados os momentos em que há diversas gozações com elementos de cultura pop (especialmente os relacionados aos filmes de super-heróis, além de fazer os fãs do universo mutante da Marvel muito felizes), não há, em si, nenhuma grande novidade nem um tom mais anárquico, mais ácido, chegando a dar a impressão de que, desta vez, os roteiristas tiveram que fazer concessões e não levar o humor até as últimas consequências, preferindo esticar as gags além do necessário e gerando uma sensação incômoda de que você já viu (ou ouviu) essas piadas antes. Mas elas eram melhores na primeira vez. Ainda assim, o público em geral deve se divertir bastante.
O filme, pelo menos, comprova que realmente não dá mais para pensar em outro ator, que não Ryan Reynolds, para interpretar Deadpool. O astro volta a mostrar seu incrível talento para fazer tanto cenas cômicas quanto as de ação com bastante desenvoltura. Outro que também se destaca é Josh Brolin, que está em um ano abençoado. Depois de impressionar o mundo como o terrível Thanos de “Vingadores: Guerra Infinita”, Brolin faz uma ótima (e impensável) dobradinha com Reynolds e torna seu Cable um personagem bastante magnético, cuja periculosidade faz um bom contraponto com a zoeira do mercenário tagarela.
A pouco conhecida Zazie Beetz se sai muito bem como Domino e reforça o time de mulheres fortes que estão cada vez mais em evidência no cinema. O garoto Julian Dennison transmite convincentemente a raiva de seu Russell e pode ser bem aproveitado em produções futuras. O resto do elenco está bem funcional, mas nada digno de nota.

Pelo menos, as duas cenas pós-créditos são tão sensacionais que compensam os problemas que surgem na narrativa e dão a impressão de que o filme é melhor. Mas não se engane. Essa é só mais uma zoação de Wade Wilson. Que não deve demorar a dar as caras.

Filme: Deadpool 2
Direção: David Leitch
Elenco: Ryan Reynolds, Josh Brolin, Morena Baccarin
Gênero: Comédia, Ação, Aventura
País: EUA
Ano de produção: 2018
Distribuidora: Fox
Duração: 120 min
Classificação: 18 anos

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