Ruben não é uma pessoa comum (e Ruben nem é seu verdadeiro nome). Ele é um poderoso super-herói que ganha poderes ao consumir álcool e drogas ilícitas. Em um fatídico dia, para enfrentar uma ameaça que poderia destruir a Terra, ele bebeu até apagar. Ele salvou o mundo… mas nem sabe como. Agora está na reabilitação em busca da sobriedade e também em busca dos pedaços perdidos de sua vida por causa da bebida e duma distopia com metáforas sobre a natas drogas.
Buzzkill é a trágica história de um herói que só queria viver sem incomodar ninguém. Infelizmente isso parece ser impossível para algumas pessoas.
Análise
Em um volume único que reúne as 4 edições, a equipe criativa – composta pelo estreante Donny Cates; acompanhando o argumento de Mark Reznicek, baterista da banda de rock alternativo Toadies; o ilustrador Geoff Shaw; e a colorista Lauren Affe, que inicia sua carreira no mundo indie, monta uma história poderosa e completa.
Com um ritmo muito bom, a trama avança implacavelmente, apresentando seu pequeno universo de heróis, vilões, conflitos passados e mistérios.
Publicado pela Devir, Buzzkill apresenta um super-herói que obtém seus poderes do consumo de álcool e drogas; sem eles não tem poderes.
No início o encontraremos querendo abandonar o álcool e as drogas e, assim, desistir de sua atividade. A história começa, justamente, com ele participando de uma reunião dos Alcoólicos Anônimos (escondendo-se no anonimato de uma personalidade secreta). Não sabemos os motivos, mas ficam pistas de seu passado recente que o levaram a tomar essa decisão, enquanto uma origem secreta é brevemente apresentada.
A primeira parte semeia a trama sem revelar nada para desenvolvê-la com rapidez, mas bem precisa no decorrer das três restantes que compõem esta minissérie.
Contando com uma boa estrutura narrativa, Cates e Reznicek conseguem introduzir no pequeno espaço que possuem vários momentos clímax, que vão construindo gradativamente para o final da narrativa.
Ao longo do caminho criam um punhado de personagens interessantes, curiosos e engraçados que tornam o quadrinho ainda mais divertido, com várias cenas de ação e doses de humor, no caso os pensamentos do protagonista para os leitores, e também de outro personagem.
Por sua vez, o roteiro tem o suporte do desenho de Geoff Shaw, tanto ao nível da narrativa como do traço, com algumas marcas da própria personalidade do ilustrador, como o tracejado grunge do lápis aparentemente confusas mas perfeitamente colocadas, com cores e efeitos marcantes de Lauren Affe para adicionar um toque clássico às cenas de flashback.
“Deus, eu queria ter pensado nisso”, a frase de abertura de Mark Waid já diz tudo sobre a HQ. Sem dúvida se refere ao fato de que Buzzkill não é de forma alguma a história clássica de super-heróis, nem é a típica que finge não ser repetitiva, mas é.
Buzzkill tem elementos que o separam do resto e oferece algo novo ao que já é conhecido, conseguindo realmente fazer algo diferente das ideias que o lançam à forma como são realizadas. Claro que também recorre a alguns clichês (que podem ser inevitáveis) mas um pouco de originalidade já é algo a ser bem-vindo, e ainda mais quando se trata de novos autores.
Buzzkill é definitivamente único. É quase como uma história de anti-super-herói.Uma narrativa sobre os altos e baixos da vida, através do bem e do mal. Trata-se de assumir a responsabilidade por suas ações, reconhecer o que você fez e tentar seguir em frente depois de ter feito. Um herói faz as escolhas certas e vive por um código, e isso pode ser visto em muita ficção. Mas às vezes não se trata de ser um herói para os outros, trata-se de provar a si mesmo que você pode fazer o bem por si mesmo. Recomendamos a leitura.
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