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Captain Tsubasa: Rise of New Champions – nostalgia que não funciona

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Já tinha saído do Ensino Médio no final dos anos 1990, e me preparava para entrar em um curso superior. Naquele momento, todo mundo próximo falava de uma nova série de animação, que entrava na Manchete, no lugar dos Cavaleiros do Zodíaco.

Era Supercampeões, cujo protagonista era um menino apaixonado por futebol e que representava um esporte tão comum no nosso país, na época, estávamos próximo de uma Copa do Mundo. Era 1997 e religiosamente, sentava todos os dias para assistir a nova aventura de Oliver Tsubasa e seus amigos.

Captain Tsubasa J, seu nome original, se tornou um dos animes mais queridos de todos os tempos. Apesar disso, com todo a tecnologia nos games jogos, nunca tivemos um jogo comparável ao anime.

Quem conseguiu pegar um dos múltiplos títulos que apareceram no Japão e na Europa da série, simplesmente não entendeu porque não era só um jogo de futebol. Agora, estamos em 2020 e o game Capitão Tsubasa: Rise of New Champions tenta preencher essa lacuna de que estou falando.

Se algo como Captain Tsubasa: Rise of New Champions tivesse aparecido na época do anime, a certeza que seria um sucesso, compraria com certeza. Mas muito tempo se passou desde aquela época e, diferentemente do último jogo que joguei (Battletoads), esse segue a linha de outros jogos da Bandai Namco baseados em anime são geralmente bastante deficientes, não conseguindo fazer justiça a Oliver Tsubasa como conhecíamos

O caminho do sucesso

A história do anime era bem mais simples do que lembrava. O Japão viveu nos anos 1990 um boom de crianças apaixonadas pelo futebol que o levariam a se tornar uma das nações poderosas do futebol mundial. Oliver pertencia àquela geração, um garoto típico de uma província japonesa, que percebeu que era no futebol que estaria seu futuro.

Ao longo da série animada, conhecemos suas aventuras e peripécias, enquanto crescia junto a um importante elenco de personagens. O drama exagerado e a importância excessiva de um jogo como o futebol, refletiu bastante no anime, como também, em nós, sendo de um país tão futebolista.

Os produtores do jogo entenderam a importância dos personagens e para a experiência do jogo seria crucial. Antes de falar muito mais sobre todo esse assunto, infelizmente não teremos os nomes que conhecemos e sim, os originais em japonês.

Captain Tsubasa: Rise of New Champions tem dois modos de história.

O primeiro nos leva a ser  Oliver ao longo de suas aventuras, desde a qualificação escolar para o campeonato nacional e daí, até a formação do time juvenil do Japão onde todas as grandes estrelas do anime se encontram na mesma equipe. Um modo constituído por uma série de jogos, que temos que vencer, ligados a cenas e longos diálogos entre os personagens que recriam vários dos momentos da série.

Por outro lado, temos um segundo modo, onde podemos criar um personagem do zero e, em seguida, escolher uma equipe para formarmos nossa própria aventura.

Muda alguma coisa? Não, é mais uma série de jogos sem muito sentido baseados em uma história bem genérica, sem personalidade. É legal fazer seu próprio personagem e ver como ele cresce em habilidades aos poucos, mas não consegue criar uma conexão. Seria melhor ter elaborado melhor o primeiro modo de história.

Nostalgia não funciona

Visualizando o gênero atualmente, os jogos de futebol vivem um dos seus piores momentos na parte artística/design, mesmo que comercialmente, parece que nunca vão deixar de entreter. O realismo que o FIFA da EA dominam completamente.

Pro Evolution Soccer (PES) da Konami, mesmo trazendo uma jogabilidade diferenciada, estão maçantes. E os arcades não entram em cena há muito tempo, e essa poderia ter sido a oportunidade para que Capitão Tsubasa: Rise of New Champions pudesse alavancar o gênero, mas não funcionou. E digo o porquê…

Lamento muito, pois tenho uma memória afetiva com a animação. Captain Tsubasa: Rise of New Champions me foi um fracasso como videogame. Sua mecânica é desajeitada, seus controles pouco intuitivos e, em geral, estamos diante de uma experiência enfadonha. Não, este não é o jogo dos Super Campeões com que sempre sonhamos.

Jogabilidade

Os comandos para controlar qualquer time são os clássicos de qualquer jogo de futebol. Passe longo, passe curto, chute, roubar a bola, etc. E vem a física da bola, que não possui interação com o cenário ou com o personagem, o passe é como fosse teleguiada aos pés dos personagens, enquanto os chutes seguem uma trajetória “roteirizada”, como algo ditasse o que vale um gol ou o que foi defendido pelo goleiro.

A mecânica é confusa e quando se usa os chutes “especiais”, uma cena surge, de maneira cinematográfica que interrompe a ação para ver se você marcou ou não, sem maiores explicações. A barra que define a “garra” dos personagens habilita quando cheia se podemos correr mais, facilidade de drible ou marcação do adversário. Cada time possui seu V-Zone, que ajuda a melhorar momentaneamente todos os jogadores e pode ser também usada na defesa dos jogadores.

O gameplayer é mais focado nos personagens e em suas habilidades especiais, fazendo o jogo ser sentido como um game de luta. Nos dois modos  temos essa temática, com Tsubasa em sua evolução e com o personagem criado por nós.

A boa é que temos que aprender como alinhar os personagens certos no lugar certo para chutar e fazer passes exclusivos, dominando combinações de botões para ajudar a quebrar defesas com passagens do jogo. Pode divertir, mas não fica agradável após umas partidas,

Gráficos simplistas

Atualmente a tecnologia permite que os desenvolvedores possam inventar qualquer loucura possível capturá-la na tela. De pinturas em movimento a cenários e personagens que estão começando a se confundir com a realidade, estamos em um momento brilhante para o meio quando se trata de gráficos. Títulos baseados em anime, por sua natureza, são os que podem tirar o máximo proveito de tudo isso, no entanto, Captain Tsubasa: Rise of New Champions parece  sem vida.

Jogando na versão do PS4 e à primeira vista não está em uma resolução tão alta. A taxa de quadros é estável, sim, mas certamente em mais de uma ocasião dá pra ver falhas quando algum personagem cruza outro ou a bola se move de maneiras muito estranhas.

Falar de decepções é sempre complexo, pois para se decepcionar é preciso esperar alguma coisa. E falando de uma série de animação adorada que parecia que finalmente teria aquele jogo que sempre sonhávamos. Entretanto, isso não aconteceu, infelizmente.

Nota: Regular (2,5 de 5 estrelas)

 

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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