Os poemas do livro de Adriane Garcia, “Só, com peixes”, Editora Confraria do Vento, são pequenos filmes zens poéticos sobre as relações\distinções dos meios ar\água.
Construídos com uma filigramática sabedoria tanto no uso da linguagem colorida dos peixes quanto na utilização do repertório aquoso, há uma infinidade de imagens e insights por cada verso que compõe os poemas – talvez o mais sensorial livro de poemas que li nos últimos anos.
O leitor deve perceber as transmutações do peixinhos quando vindos para o meio terrestre, ou vice versa nossa possível? adaptação ao ambiente dos peixes. Há também possíveis rupturas entre estes dois reinos e o que ocorre quando a sintonia perece. Pelo clima dos poemas me lembrou este delicioso livro da Adriane, uma pequeno fabulário de alteridades.
Aleijão
Um peixe é um pássaro
Sem asas
Mas um pássaro é um peixe
Sem águas
E não são como nós incompletos
Porque o pássaro
É um contente emerso
O peixe
Bem submerso
O homem escava
Submarinos
E se alada
A descontento:
os pés na terra.
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