Netflix traz a história de um coelhinho de brinquedo com memórias confusas, que embarca em uma missão em busca do melhor amigo: o garoto Billy.
Criada e escrita pelo animador Shannon Tindle e dirigida por Peter Ramsey (Homem-Aranha no Aranhaverso), a aventura animada da Netflix, Ollie, o Coelhinho Perdido (Lost Ollie) é baseada no livro infantil Ollie’s Odyssey de William Joyce. Conta a história de um coelho de brinquedo chamado Ollie (Jonathan Groff) que, após se encontrar abandonado em um brechó, parte em uma jornada épica para encontrar Billy (Kesler Talbot), o garoto que já foi seu melhor amigo.
Acima de tudo, Ollie, o Coelhinho Perdido é uma história sobre a memória. Rejeitado e sozinho, Ollie se apega desesperadamente à promessa que fez a Billy – que nunca se esqueceriam. Apesar da promessa, o coelhinho se sente desesperado, porque teme que seja exatamente isso que aconteceu – Billy o esqueceu.

Quando Ollie faz amizade com o palhaço de brinquedo Zozo (Tim Blake Nelson), percebe que a própria memória é a chave para encontrar seu amigo novamente. Com Zozo, ele recria o ‘mapa da memória’ representando ‘lugares onde estivemos e lugares que esperamos ir’. Seguindo essa trilha de memórias, talvez consiga voltar para a casa. No entanto, como Zozo adverte Ollie:
“As memórias são engraçadas – você precisa se aproximar delas ou elas simplesmente desaparecem.”
Assim começa a missão, com Ollie, Zozo e a ursinha rosa mal-humorada Rosy (Mary J. Blige) atrás das pistas que os levarão de um lugar para outro. Ao longo das aventuras, a narrativa depende fortemente de flashbacks para nos lembrar que as memórias não são apenas ‘engraçadas’, mas também emocionantes e assustadoras. Ollie, o Coelhinho Perdido também nos ensina que as memórias não são confiáveis, são impulsivas e frágeis. A este respeito, o mapa é a metáfora perfeita – uma rajada de vento e pode ser perdido para sempre.
A narrativa

Ao usar a memória como um dispositivo narrativo, Ollie, o Coelhinho Perdido nos leva de volta às origens da própria narrativa. Antes que os humanos aprendessem a escrever, todas as histórias eram contadas de boca em boca. E a memória, como a mitológica Mnemósine guardava a tradição oral, como também era a deusa da memória. Afinal, que melhor qualidade pode ter um contador de histórias do que a lembrança perfeita?
O mapa da memória de Ollie – e os lugares que encontraremos com ele – dá a minissérie um poderoso senso de lugar. Cada novo marco é rico em iconografia americana, desde o majestoso barco fluvial, até as brilhantes torres brancas de uma cidade ao assustador parque de diversões abandonado.
As sequências de flashback contam uma história comovente de amor e perda. Ao longo dos quatro episódios, aprendemos gradualmente sobre a catástrofe humana que está no coração da família de Billy. Aqui paira o espectro sempre presente da morte, a escuridão silenciosa que se esconde sob a pele da maioria das grandes literaturas infantis.
A animação

Um dos grandes aspectos de Ollie, o Coelhinho Perdido é a habilidade demonstrada pela equipe de animação e efeitos visuais da Industrial Light & Magic, que trabalhou com marionetistas da Jim Henson’s Creature Shop para dar vida a Ollie e seus amigos. A animação mostra o movimento dos personagens com a simplicidade de um brinquedo. E ainda passando uma emoção tão profunda que nunca duvidamos nem por um momento de que sejam reais.

A fotografia de C. Kim Miles é belíssima, do interior do brechó ao iluminado rio, do parque de diversões encharcado pela chuva às cenas na escuridão, a minissérie está repleta de cenas bem construídas. E o melhor de tudo é que os visuais sempre combinam perfeitamente com o clima.
E é tudo tão belo, que a própria história do coelhinho carrega em si muito sentimento. Como Zozo disse a Ollie desde o início, o nome Oliver significa ‘portador da paz’. E como esse nome se encaixa. Feito de restos e amor, Ollie é a cola que mantém tudo unido – a família de Billy e a família substituta de brinquedos esquecidos que Ollie monta quando se perde na estrada. Vez após vez, é o coração bondoso e misericordioso de Ollie que salva o dia – mais frequentemente quando ele próprio está em seu ponto mais baixo.
Tudo isso se combina para tornar Ollie, o Coelhinho Perdido a mais emocionante história de 2022, A minissérie pode parecer infantil, mas há muita profundidade, em camadas, com uma complexidade psicológica sobre perdas e memória.

Uma minissérie tocante e diferente que deixará seu coração marcado por toda pureza, carinho e nostalgia que traz. Vai tocar por dentro, num incrível misto de sentimentos e o final oferece lembranças que não tem como não lagrimejar.








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