Ótima, 'The Good Fight' mantém-se como a melhor série dramática da TV aberta americana

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Por toda a sua existência, The Good Wife foi, sem sombra de dúvida, a melhor série dramática de TV aberta norte-americana. Sempre impressionou muito a perenidade de sua qualidade de roteiro e dramaturgia, mesmo diante dos massacrantes números de episódios (mais de 20 por temporada). Um feito.
Quando a CBS anunciou que faria um spin off, obviamente que a desconfiança foi geral. Mas os criadores, Robert e Michelle King, sabiam que tinham história ainda para desenvolver para além do universo Alicia Florick (Julianna Margulies), e seus problemas de bastidores (como brigas de elenco e egos inflados).
E assim, ano passado, estreou The Good Fight, tendo como protagonistas duas personagens importantes da série anterior – Diane Lockhart (Christine Baranski) e Lucca Quinn (Cush Jumbo) – além da entrada de Maia Rindell (Rose Leslie), dando partida na trama como uma advogada recém formada e tentando lugar no mercado, mas filha de um grande acusado de corrupção que foi responsável pela falência de muitos, incluindo da própria Diane.

Assim, os King, foram trabalhando em cima dessas três protagonistas e, principalmente, a questão ética que as aproximava. A primeira temporada foi curta (8 episódios), e focou mais nos desdobramentos de Maia, além da rotina de Diane na novo escritório de advocacia. Foi um bom e promissor ponto de partida. Esse ano, a série voltou para uma segunda temporada mais estabelecida. Já começou bem ao manter uma média de episódios geralmente de TV a cabo: 13 episódios. Isso foi preponderante para a boa performance que empreendeu, além de reforçar o fato de que não poderíamos passar pela era Trump sem os textos corrosivos e simples dos criadores.

The Good Fight, descentralizou o enfoque de Malia – que foi quase uma coadjuvante em seu conflito que pautou o início da série – e, se valendo da perspectiva de cada uma de suas outras protagonistas, foi desenvolvendo uma visão bem analítica das ambiguidades da lei americana, sobretudo espelhando o nascimento do legado do controverso governo atual. Aliás, os episódios arrolados ao presidente americano, foram os melhores.
Maia, após uma temporada sobre a questão de seu pai corrupto, enfim vai se firmando na firma, ainda que resquícios da questão ainda a assombre. Lucca (Jumbo, além de linda, é uma atriz muito interessante), sempre mostrada como uma a mulher independente e despachada, tem a rotina revirada ao se envolver e engravidar do promotor Colin (Justin Bartha). Esse relacionamento – e a hesitação dela com tudo isso – é um dos grandes achados da temporada, e muito diferente, em perspectiva estrutural dramática – da “série mãe”.

E Diane ganhou bastante destaque desenvolvendo uma vulnerabilidade pouco vista. Muito bom a maneira como sua personagem vai se revelando em camadas, mesmo após tantos anos de “vida” (8 temporadas, em duas séries). Poderíamos ficar falado aqui de todos os bons personagens que formam a história, como o ótima Marissa (Sarah Steele), fora as participações pontuais – para quem acompanha desde a original, há o retorno de Elsbeth Tascioni (a maravilhosa Carrie Preston), que já deveria ganhar uma série própria faz tempo.
Ou seja, The Good Fight amplia a capacidade de Robert e Michelle King de fazer entretenimento para um público maior, mantendo a qualidade e a ambição costumeiramente reservados à nichos. Que venha a terceira temporada, pois Trump, a sociedade americana em si e as complexidades jurídicas, ainda têm muito o que render

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