Segue admirável a trajetória da franquia “John Wick” no cinema contemporâneo. Para o gênero, para a indústria e até para seu principal astro, Keanu Reeves, a importância de sua originalidade kitsch é absurda. Por isso, chegar ao quarto filme com essa vitalidade é um valor que “John Wick 4: Baba Yaga” entrega sem soar pastiche de si (algo muito comum em franquias de ação hollywoodianas).
A superprodução segue acompanhando o solitário assassino aposentado protagonista, em seu (novo) plano de vingança, enfrentando a Alta Cúpula (personificado num vilão trágico vivido por Bill Skarsgard) entre Osaka, Berlim, Nova York e Paris. A narrativa tenta, repito, tenta dar seguimento a história desde o primeiro filme. Sobretudo sobre como a origem de Wick justifica suas façanhas seguintes, mas o roteiro acaba sendo o de menos aqui – como sempre foi, vale dizer -, tanto que estruturalmente a história aqui é toda setorizada dramaticamente, num esquematismo bem nítido.
Mas o filme dá o que se espera dele. O diretor Chad Stahelski, um especialista em artes marciais e ex-dublê do próprio Reeves, arregimenta um espetáculo “marcial”, munido de uma montagem que compreende os vieses técnicos disso e uma fotografia tão deliciosamente afetada como suas mise-en-scenes. Tanto que suas 2h49 de duração passam que a gente nem se dá conta, tamanha extravagância cinematográfica. A cena no Arco do Triunfo já entra para uma das mais engenhosas e geniais já vistas no gênero.
“John Wick 4: Baba Yaga” é entretenimento puro e simples em que até os atores (Ian McShane e Laurence Fishburne, ótimos) estão se divertindo junto com a gente assistindo. Vale destacar também a performance notável do grande Donnie Yen, além da surpresa da participação digníssima da cantora Rina Sawayama (num papel até desperdiçado, já que tanto ela quanto sua personagem prometem). Com toda a sua essência desmedida e afetada, a satisfação é, de fato, garantida.
Gratidão, muito empolgado aqui para assistir o filme!