“Amor Bandido” se inspira em Mark Twain e brilha em toda sua simplicidade

Desde a época em que estava na faculdade, Jeff Nichols (roteirista e diretor) pensava em uma história que começava com esse homem em uma ilha situada no Rio Mississipi. Aos poucos, foi adicionando elementos a ela, outros personagens, tudo com inspiração no que Mark Twain tinha escrito e nos clássicos dos anos 50, 60 e 70.

Surge assim “Amor Bandido” (“Mud” no original) que conta a história de Ellis (Tye Sheridan) e Neck (Jacob Lofland), dois garotos de quatorze anos que encontram um barco preso em cima de uma árvore numa ilha situada no meio do Mississipi. A ideia dos dois é tira-lo dali para que possam usar. Só que o barco tem dono e eles encontram Mud (Matthew McConaughey) à beira da praia pescando. Ele diz que o barco é dele e que está preso ali alguns dias pois está esperando alguém. Os dois acham estranho, principalmente, Neck. Ao voltar para casa, Ellis descobre que seus pais não estão se entendendo e que sua mãe (Sarah Paulson) não aguenta mais morar naquela casa à beira do rio. Tal como seu pai (Ray McKinnon), Ellis não consegue pensar em outra vida e fica irritado por eles não conseguirem se entender e pensarem em divórcio.
IMG_8063.CR2 Eles voltam com comida para Mud, que começa a contar as mais variadas histórias, sobre superstições, como se livrar de cobras e quem de verdade ele está esperando; Juniper (Reese Witherspoon, meio apagada). Ele conta que é ela o amor da sua vida e revela aos meninos que está na verdade se escondendo pois matou um homem por causa dela. Os dois se conheceram ainda crianças às margens daquele mesmo rio e que desde então ele está sempre ao seu lado, amparando-a em todas as suas piores decisões. Ellis acaba se prendendo àquilo e decide ajuda-lo, conseguindo as partes necessárias para fazer o barco voltar a funcionar. Durante essa pequena aventura, ele irá amadurecer rápido e descobrir que amor e a amizade, podem ser as coisas mais complicadas na vida de uma pessoa.
MUD

A beleza deste filme está na sutileza em que assuntos sérios são tratados. Ao encarar de frente questões como amor, lealdade, amizade e coragem, Ellis entende que acima de tudo é preciso ser honesto consigo mesmo. Todos os personagens são devidamente bem elaborados e, o que é melhor ainda, bem interpretados. O elenco todo é de uma perfeição imaculada, principalmente Tye Sheridan. Difícil nos dias de hoje encontrar um ator tão novo e já tão comprometido com seu papel. Dá gosto de vê-lo interpretando. McConaughey está tão estupendo quanto seu colega, mas ainda assim fica alguns passos atrás do garoto.

O trunfo de Nichols é ter nascido e crescido na região, compreendendo melhor os costumes, acabou por criar assim enredo e personagens muito reais. Quando alguém se dedica tanto a algo, da mesma forma que ele se dedicou a este roteiro, o resultado só pode ser surpreendente e que somado a direção de fotografia de Adam Stone, o espetáculo fica completo.

Apesar de possuir um título que destoa do contexto, este é um daqueles filmes que parece ser uma coisa, e quando você assiste, descobre que é bem melhor.

Estreia dia 30 de Agosto nos cinemas.

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