12 ANOS DE ESCRAVIDÃO de Steve McQueen
McQueen consegue com seu filme trazer reflexão, revolta e identificação. Transfere a impiedade de opressor, para a amostragem de seus expectadores, estabelecendo seu discurso pela jugular. “12 Anos de Escravidão” já nasce como um dos melhores e mais incisivos filmes sobre a escravidão. E sabe por que? Não faz concessão como fetiche histórico, como auto comiseração racista ou ponderação política. Expõe o fato como ele foi e assim, revela que ela, infelizmente, ainda o é.
TRAPAÇA de David O. Russell
David O. Russell poderia ser psicólogo. Seu fascínio e entusiasmo pelos personagens que dão forma a seus filmes é algo a se estudar mais profundamente. “Trapaça” é um filme que suscita amor e ódio. Isso já diz muito sobre seus efeitos. O longa traz para o cinema moderno a ambiguidade latente da linha tênue entre farsa e personalidade na construção de personagens em universos fílmicos. Esse é um legado cada vez mais representativo do diretor, desconstruindo as previsibilidades do cinema atual. Sensacional.
O LOBO DE WALL STREET de Martin Scorcese
O melhor filme de Scorcese em anos. O melhor filme americano da recente safra. O melhor filme sobre a amoralidade imoral do poder por trás do Wall Street. São superlativos que tentam dar conta da grandeza de seu resultado para o cinema moderno. O cineasta comprova que ainda é o grande diretor americano vivo. Para além disso, trata-se de um filme que retrata com impiedade uma América se corroendo pelas próprias entranhas capitalistas que tanto professa. Obra-prima.
GRAVIDADE de Alfonso Cuarón
O cinema como fascínio entre a estética e o sensorial. “Gravidade” nem tem tanta substancialidade dramatúrgica, mas Cuarón faz disso um exercício de simplicidade narrativa através do encantamento que só a suntuosidade visual da sétima arte pode proporcionar. O que o diretor consegue aqui é fazer da noção de gravidade aquilo que há muito o cinema anda carecendo: atratividade honesta e inteligente ao tornar humano a percepção artística do próprio homem.
NEBRASKA de Alexander Payne
Depois do excelente “Os Descendentes“, Payne mira sua idiossincrática câmera para uma questão referente ao tempo: a que expectativas nos seguramos para seguir em frente? Moldado por personagens deliciosos, o filme constitui marcantes relações pessoais, principalmente a paterna, que diz muito sobre um trecho geográfico metafórico, bem distante da América propagada por sua prosperidade plástica. O homem e seu meio. O filme revela essa interseção. E a nossa assimilação.
ELA de Spike Jonze
Spike Jonze faz seu melhor filme, evocando aquilo que sempre está racionalizado em sua filmografia: o amor. Ao retratar a modernidade das relações pessoais, o diretor tem a genialidade de nos expor em nossos questionamentos mais primitivos e com uma elegância (e sobriedade) estética invejável. “Ela” é um filme de nosso tempo. Isso explica o tom de melancolia que nos assalta no fim da sessão…
CAPITÃO PHILLIPS de Paul Greengrass
Grande reflexo do cada vez mais apurado domínio cinematográfico do diretor Paul Greengrass, “Capitão Phillips” tem a representação política difundida pelo que expõe de mais universal nas relações sócio-políticas: o confronto entre desinentes de opressores e oprimidos. Um filmaço, com um dos finais mais encantadoramente angustiantes que Hollywood já viu.
PHILOMENA de Stephen Frears
A sensibilidade britânica do diretor Stephen Frears consegue dimensionar sua história de natureza um tanto melodramática para algo além da previsibilidade dramática. Principalmente por nos relembrar que a vida é mais interessante que a ficção pelo imponderável dos personagens que gravitam nela. “Philomena“, e sua empatia, é a prova cabal disso.
CLUBE DE COMPRAS DALLAS de Jean-Marc Vallée
O menos marcante dos indicados, mas também o que faz de um fato histórico um retrato do antagonismo entre indivíduo e instituição pública na turbulenta disseminação oitentista do vírus HIV. Mesmo sendo um filme dos atores (leia-se Matthew McConaughey e Jared Leto), consegue um respiro de contundência na forma como aborda a questão. Mas o fôlego é todo cênico…
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