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“Canção de Volta” tenta reluzir dentro de seu intimismo dramático

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“Meu lugar é aqui

Faz de conta que eu não saí.”

Não é a toa que Canção de Volta”, primeira ficção do documentarista Gustavo Rosa de Moura (de Cildo”), tem o mesmo nome da célebre música de Dolores Duran. Existe no drama paulista, uma passionalidade lacônica e melodia urbana que casa perfeitamente com a letra da canção.

Eduardo (João Miguel, excepcional como sempre) é um jornalista que apresenta um programa literário na televisão – com participações reais de escritores como Paulo Lins e Bernardo Carvalho. Na vida pessoal, vive um drama em casa, já que a mulher, Júlia (Marina Person) vive em constante estágio de depressão, que já causaram tentativas de suicídio.

Essa situação acaba por desestabilizar não só o marido, como toda a família, formada ainda por dois filhos. O intimismo dramático impetrado pelo diretor, causa quase uma claustrofobia na radiografia dessa perspectiva do marido diante da oscilação emocional da esposa. Marina vive essa personagem com hesitação cênica, ainda que numa performance bem corajosa.

Moura filma os extremos da situação (a depressão de Julia é progressiva) com elegância, e sua opção narrativa de abordar o conflito pela visão do marido é interessante. Talvez caia demais numa certa frieza dramática, o que deixa a trama na linha tênue entre a melancolia e a apatia.

O desenvolvimento da história reforça esse distanciamento excessivo que tanto exprime a melancolia que gravita a situação, quanto acentua uma certa apatia dramatúrgica. “Canção de Volta”, para além desse meio termo, demonstra que Gustavo tem o que mostrar nessa sua incursão ficcional.

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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