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Carlos Saldanha diz que "Rio 2" foi bem mais difícil de fazer

Na última segunda-feira, 17 de março, o diretor Carlos Saldanha deu uma entrevista coletiva no Parque Lage, na Zona Sul carioca, para falar de “Rio 2”, a continuação de seu sucesso de 2011, acompanhado dos músicos Carlinhos Brown e Sergio Mendes, além do astro Rodrigo Santoro, que volta a dublar o personagem Túlio. Ele afirmou que a única facilidade de fazer uma sequência é que, como já são conhecidos os personagens, a ideia é dar continuidade à história que foi desenvolvida no primeiro filme. Mas ele admitiu que a dificuldade aumentou para criar algo melhor na segunda parte. Saldanha negou que tivesse que realizar uma trama mais universal e menos brasileira. “A ideia que eu bolei foi mais ou menos baseada no filme que foi feito e eles (os produtores) gostaram. Então, eu tive liberdade de fazer a história que eu estava querendo bolar”, disse o diretor.

Sobre a questão do futebol e do surgimento de algumas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, o cineasta afirmou que não pensou no mundial quando inseriu esses elementos em “Rio 2”: “Eu quis colocar o futebol no primeiro filme e, infelizmente, a história não pediu muito esse elemento. Aí, eu já entrei no segundo falando que queria fazer alguma coisa de futebol porque isso já estava na minha cabeça há algum tempo! Já quanto às cidades-sede, é que elas são o caminho do Rio a Amazonas. Só demos uma volta por Salvador para homenagear o Carlinhos Brown!” (risos). Saldanha disse que o roteiro foi trabalhado com elementos que possam caracterizar o Brasil, mas que não conseguiu escapar de alguns estereótipos, como usar locais conhecidos de Manaus, como o Teatro Amazonas. Porém, ele enfatizou que isso foi utilizado para valorizar as coisas boas dessas regiões e para inspirar a história a ser escrita.

Carlinhos Brown disse que “Rio 2” não deixa de ser um filme educativo e lembrou que a música se inspirou na preservação da arara azul e elogiou o Instituto Chico Mendes, que cuida de espécies como as aves mostradas na animação. Já Saldanha recordou que queria uma trilha sonora com outros ritmos além do samba e carnaval, como foi na primeira parte. Para ele, era importante buscar novos sons que fizessem parte da história e vice-versa. Sergio Mendes afirmou que, quando ouviu os planos do diretor, decidiu trazer artistas como Milton Nascimento e o grupo Uakti para ajudar nessa viagem musical pelo Brasil: “Foi um grande barato ter feito esse trabalho de novo com Carlos Saldanha, porque ele é o nosso grande incentivador disso tudo!”, disse o compositor, que se preocupou que as canções tivessem uma sonoridade brasileira, mesmo em outras línguas, como o inglês.

Para Rodrigo Santoro, foi só alegria voltar a “brincar de Túlio” em “Rio 2”: “Quando o Carlos me convidou para fazer o segundo filme, não tive nem o que pensar! É uma experiência muito prazerosa, especialmente pela forma com que o Carlos trabalha, porque é um exercício criativo com muita liberdade, onde a gente explora diversos caminhos, sempre buscando encontrar a alma da personagem através da voz”, disse o ator. Santoro disse que sempre ficava empolgado quando participava das sessões de dublagem e que o seu “passarinhês” (quando Túlio acreditava poder falar com os pássaros) surgiu durante esse processo. Para o astro, seu personagem é interessante porque tem uma pureza que precisa ser preservada, ainda mais nos dias de hoje. Ele também admitiu algumas adaptações no roteiro quando teve que dublar em português, já que ele também fez a voz do personagem em inglês.

As belíssimas cenas musicais de “Rio 2” também foram comentadas por Carlos Saldanha. Apesar de lembrarem os filmes antigos de Bubsy Berkley, o diretor admitiu que sua maior inspiração foram as danças regionais nordestinas, como Ciranda, Carimbó, Festa Junina e Maracatu. Ele disse que foi uma “boa coincidência” a rivalidade entre as araras azuis e vermelhas lembrar a disputa entre Garantido e Caprichoso, os dois principais grupos de bois folclóricos, que competem no Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas. O cineasta afirmou que escolheu as cores apenas para dar a ideia de times distintos. Quanto aos novos personagens, como a família de Jade, ele disse que quis brincar com o relacionamento entre Blu e o pai dela, já que ele ainda a vê como um filhotinho. Saldanha resolveu criar a sapinha Gabi porque queria usar seres da Amazônia que fossem pequenos e divertidos e virasse uma boa parceira para o vilão Nigel.

Saldanha também confessou que fazer a Amazônia em “Rio 2” foi bastante complicado, porque foi uma complexidade muito maior do que a do primeiro filme. Ele deu o exemplo de uma cena, que mostrava os personagens descendo de barco por uma corredeira levou seis meses para ficar pronta. “A gente procura ser o mais autêntico possível, mas dentro de uma estilização própria que a história pede”, disse o diretor.

No fim da entrevista, Rodrigo Santoro falou sobre seu mais recente projeto, sobre os 33 chilenos que ficaram presos numa mina em 2010, que tinha acabado de gravar no dia anterior e estava cansado, mas muito feliz de participar desta produção. Carlos Saldanha brincou, dizendo que, entre “Rio”  e “Rio 2”, ele fez um filme, enquanto Santoro fez sete. “Foram dois anos intensos”, disse o ator.

“Rio 2” estreia nos cinemas brasileiros em 27 de março.

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