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Cinemateca: De Volta Para O Futuro resiste ao tempo pela força de sua magia

“De Volta Para O Futuro”, além de ser um dos filmes ícones da geração ploc que continuou ganhando fãs através dos anos (no velho VHS, na TV, e recentes lançamentos em DVD e Blu Ray), indubitavelmente configura entre as séries cinematográficas mais queridas da cultura pop, no mesmo panteão de “Star Wars” e “Indiana Jones”, por exemplo. E esta semana os fãs brasileiros do DeLorean ganharam de presente três sessões especiais do filme exibida em cópia restaurada digitalmente em alta definição (a última é hoje, dia 4 de março) dentro do projeto “Clássicos” da rede Cinemark, em 54 salas no país.

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Dirigido por Robert Zemeckis, escrito em parceria com Bob Gale e com toque de Midas de Steven Spielberg, que assina a produção executiva, “De Volta Para O Futuro” não é um acerto apenas pelo ótimo roteiro (foi indicado ao Oscar de 1986 na categoria Melhor Roteiro Original), mas pelo elenco afiadíssimo que conta com Christopher Lloyd no papel de Dr. Brown, o cientista amalucado que cria a máquina do tempo, Crispin Glover e Lea Thompson, que interpretam George e Lorraine, os pais de Marty McFly e, claro, o carismático Michael J. Fox no papel principal. Mas o filme levou cinco anos para se concretizar.

A parceria Zemeckis-Gale-Spielberg surgiu, na verdade bem antes dali, em 1978 no filme “Febre da Juventude”, que contava as desventuras um bando de jovens nos anos 60 tentando ver os Beatles de perto na primeira apresentação do fab four em um programa da TV americana. Spielberg, padrinho artístico da dupla, assinou a produção executiva. Apesar de divertido, o filme não foi bem nas bilheterias. Logo em seguida, Spielberg convocou Gale e Zemeckis para escreverem “1941 – Uma Guerra Muito Louca”, de 1979, o primeiro filme do diretor após o prestígio de “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, mas acabou sendo outro fracasso de bilheteria. O projeto seguinte  foi “Carros Usados”, de 1980, com Spielberg como produtor executivo ao lado de John Milius (diretor de “Conan, O Bárbaro”), que também naufragou nas bilheterias. Zemeckis e Gale começaram então a ficar preocupados, pois apesar todo o investimento do padrinho, os filmes estavam fracassando, temiam que ele desistisse de patrocinar os projetos da dupla. Foi nesse momento que veio a ideia de “De Volta Para O Futuro”.

Em uma visita à casa dos pais, Zemeckis procurava suas coisas antigas no porão da casa e descobriu um álbum do pai na época da escola. Descobriu que seu velho havia sido líder de diretório estudantil, e começou a imaginar como seria ter frequentado a escola junto com seu ele. Daí começou a traçar as primeiras linhas do roteiro sobre um adolescente que viaja em uma máquina do tempo, que a princípio seria uma geladeira, mas depois foi mudada para um carro por medo de que as crianças se prendessem nas geladeiras tentando reproduzir a aventura em casa. A viagem o levaria para a época em que seus pais tinham sua idade e frequentavam sua escola e “atrapalha” o encontro dos dois, colocando e risco sua própria existência.

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Mas antes, Zemeckis queria ganhar respeito em Hollywood, e conseguiu com “Tudo Por Uma Esmeralda” de 1984, uma aventura nos moldes do sucesso do padrinho “Os Caçadores da Arca Perdida”, que teve um grande êxito nas bilheterias daquele ano. O roteiro de “De Volta Para O Futuro” chegou a ser oferecido à Disney, mas a Casa do Mickey não gostou nada daquela história de a “mãe” se interessar pelo “filho”. Então o projeto foi para a Universal, em co-produção com a Amblin de Spielberg. Apesar de ser impossível desvincular “De Volta Para O Futuro” da figura de Michael J Fox, por pouco Marty McFly não foi para as telas com a estampa de Eric Stoltz. Na verdade, Fox sempre fora a primeira opção, mas o ator estava ocupado demais com as gravações do seriado “Family Ties” (“Caras e Caretas” aqui) e Stoltz assumiu o papel. No entanto, Zemeckis e Gale não estavam muito satisfeitos com o resultado, e depois de duas semanas de filmagens decidiram insistir em Fox.

Eric Stoltz como Marty McFly junto com Dr Brown em 1955
Eric Stoltz como Marty McFly junto com Dr Brown em 1955

O ator então teve que se desdobrar entre as duas gravações. Como as do seriado eram durante o dia, ele somente ficava liberado para o filme à noite, daí teve que gravar todas as suas cenas em estúdio e externas noturnas, até término daquela temporada de “Family Ties”. Daí sim, pôde gravar as tomadas externas diurnas. O resultado não podia ser melhor. Além de aparentar mais os 17 anos do personagem do que Stoltz (apesar de os dois terem a mesma idade, 23 anos na época), a química do ator com Lloyd era perfeita, e com Lea e Glover idem. Lançado no EUA em 3 de julho de 1985 (25 de dezembro no Brasil), o filme foi o grande sucesso daquele verão americano e a maior bilheteria do ano no país.

Apesar de estar completando 30 anos, o filme conseguiu não ficar datado, mesmo tendo o ano de produção (1985) como ponto de referência da trama. O futuro do título hoje é um passado tão remoto quanto 1955 era para McFly, mas isso não tira nem um pouco do brilho da história. Assistir “De Volta Para O Futuro” é se deliciar lembrando de um tempo em que era possível fazer um blockbuster com poucas tomadas de efeitos especiais, sem explosões ou invasões alienígenas megalômanas. O chamariz da produção é um roteiro engenhoso, que explora brilhantemente os choques culturais e paradoxos acarretados por uma viagem temporal, e traz sequências memoráveis.

É impagável a cena em que Marty diz a Dr Brown em 1955 que o presidente no futuro seria Ronald Reagan, que nos anos 50 estrelava westerns, e mais tarde quando o cientista define a filmadora JVC (sim, o filme é lotado de merchandising) que Marty trouxe consigo como um “estúdio de TV portátil”. “É por isso que o Presidente é um ator, pois ‘no futuro’ é preciso aparecer bem na TV” diz ele. Ou o momento em que Marty se depara com Biff mandando em seu pai na juventude da mesma forma que estava acostumado a ver em 1985. E também a sequência em que Marty toca ‘Johnny B Good’ no baile da escola em 1955 e Marvin Berry telefona para seu primo Chuck e diz: “ouça, esse era o som que você estava procurando”, e assim, Marty “inventa” o rock. Isso sem falar na pomposa trilha composta por Alan Silvestri e a empolgante música-tema ‘Power Of Love’ de Huey Lewis & the News

Quatro anos depois, “De Volta Para O Futuro” deu origem a duas continuações, que, embora um pouco inferiores, conservaram muito do charme e da qualidade do roteiro original.Enfim, certamente o fato de se apoiar apenas na genialidade de sua narrativa e no ótimo desempenho dos atores seja o motivo pelo qual este é considerado por muitos (inclusive por este que vos digita) o melhor filme de viagem no tempo já feito, e até hoje conquista fãs, inclusive os que sequer eram nascidos na época de seu lançamento.

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