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Crítica: "No Limite do Amanhã" seria mais divertido se fosse um videogame

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Thomas Cruise Mapother IV, mais conhecido como Tom Cruise é um astro do primeiro escalão de Hollywood, que ataca em duas frentes: uma, mais interessante, em que faz pequenos papéis em filmes menores, ou não tão super produzidos. Quem não se lembra do inesquecível misógino Frank T.J. Mackey, da pérola Magnólia”, de Paul Thomas Anderson, ou do astro do rock Stacee Jaxx, da deliciosa bobagem Rock of Ages”? A outra frente em que o eterno galã concentra seus esforços é a das grandes produções, que são meros veículos para que ele se promova e faça manutenção de seu status de astro mais poderoso do cinema americano.

Todo mundo sabe que Cruise é um cara bacana, gosta de ajudar a todos, mas também possui um ego inversamente proporcional à sua diminuta estatura. Nesses filmes ele está sempre impecável, não importa o quanto tenha apanhado de inimigos, e segue o padrão clássico de herói valoroso, triunfante no final. Se puder, ainda aproveita a divulgação da película para dar lições de cientologia, a seita que parece ter arruinado com carreiras de astros como Will Smith e John Travolta. É dentro dessa linha de produção (que o astro costuma ter pleno controle, diga-se de passagem) que se encontra No Limite do Amanhã” (Edge of Tomorrow, E.U.A/2014), do diretor Doug Liman, responsável por Sr. & Sra. Smith”, Jumper” e Identidade Bourne”. Também é dele o interessante “Vamos Nessa”, de 1999, que pegava carona naquela onda de filmes de narrativa não linear, que virou coqueluche graças a Pulp Fiction”.

Trata-se de uma adaptação de um conto japonês intitulado All You Need Is Kill de Hiroshi Sakurazaka, que ganhou, inclusive, uma versão mangá. Em um futuro próximo, a Terra está sofrendo uma invasão alienígena, que causou grandes baixas militares e destruição em grandes cidades – como na Segunda Guerra Mundial. O Major William Cage (Cruise), oficial inexperiente e relutante é atirado em uma missão de combate aos aliens. Cage não dura muito no campo de batalha e é logo morto, porém, misteriosamente volta no tempo no exato momento em que chega à base de treinamento militar. E a situação de looping temporal sempre se repete quando ele é morto de alguma maneira. A partir daí, ele contará com a ajuda da combatente de forças especiais Rita Vrataski (Emily Blunt), para descobrir a verdadeira causa deste fenômeno.
O que temos aqui é uma espécie de “Feitiço do Tempo encontra Starship Troopers”. A trama tem pretensão de inovar de alguma forma, mas acaba caindo em um cipoal de situações corriqueiras, vistas à exaustão em filmes do gênero. Os recortes de manchetes de noticiários remetem a Robocop”, Rita tem um perfil que em muito lembra a Sarah Connor de O Exterminador do Futuro 2″. As armaduras de combate usadas pelos heróis (criadas pelo designer Pierre Bonnan, que trabalhou em Gravidade”), apesar de terem um design interessante de exoesqueleto, remetem às empilhadeiras de Aliens, O Resgate”. O roteiro poderia perfeitamente ser o de um videogame shooter em primeira pessoa, pois se baseia em atirar, explodir, encontrar coisas, atirar e explodir. Isso auxiliado a uma fotografia pasteurizada e um excesso de CGI (muito bom, é bem verdade) que pode fazer com que o espectador se sinta assistindo a um gameplay. A interpretação dos atores é rasa como um pires, mas não se poderia exigir muito dentro de um script que nem sequer acena para algum brilho do elenco. Eles estão ali a serviço dos efeitos especiais e como escada para os closes no rosto de Cruise, que apesar de ainda garboso, já apresenta as marcas dos 52 anos de vida.

Algumas situações envolvendo a questão temporal até arrancam um esboço de riso, mas, no geral, o filme não traz nenhum momento marcante. Impera uma preguiçosa receita de bolo por parte do cineasta, certamente pouco empolgado com o roteiro que tinha em mãos, de autoria de Christopher McQuarrie (Os Suspeitos”, Operação Valquíria”, Jack Reacher” e Jack, O Caçador de Gigantes”) e Jez Butterworth ( de Jogo do Poder” e a vindoura cinebiografia de James Brown, Get On Up”). Pelo menos a cópia 3D faz jus ao preço mais caro do ingresso, embora demore um pouco para mostrar todo o potencial. Por fim, “No Limite do Amanhã” é uma ficção científica que não gruda na retina, embora possa até ser encarada como uma diversão descompromissada. Trata-se de mais um filme genérico da carreira de Tom Cruise, enquanto ele não faz um quinto Missão Impossível”, ou a continuação de Top Gun”. Se fosse um jogo de videogame, seria bem mais divertido e emocionante.

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