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Festival do Rio: Amores Imaginários

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Exatamente um ano atrás, eu publicava aqui no site uma resenha breve sobre Eu Matei Minha Mãe, que terminou sendo o grande filme do Festival 2009 para mim.

Ainda faltam muitos filmes para terminar a maratona desse ano, mas Amores Imaginários (Les Amours Imaginaires), novo filme de Xavier Dolan, corre sério risco levar o título. Assim como seu antecessor, o filme faz parte da mostra Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio, mas penso nele como parte do que chamo de “Mostra Gay Complementar”. Isso por que diversos filmes do festival falam em algum momento ou de alguma forma de relações homossexuais, sem que necessariamente façam (ou precisem fazer) parte da mostra Mundo Gay.

No filme, conhecemos os amigos Francis (Dolan) e Marie (Monia Chokri), com a singularidade que só a relação mulher heterossexual/homem homessexual tem. A sintonia é quebrada quando os dois se interessam pelo belo Nico (Niels Schneider) e passam a disputar sua atenção.

Nico, com sua beleza renascentista, é um narciso que se alimenta do interesse dos outros, criando uma dinâmica onde estimula e rejeita afeto, tornando impossível prever qual dos amigos ganhará a guerra. Quando a disputa termina com a amizade, os três lados do triângulo devem decidir como criar uma nova ligação e ver como o tempo cuida de tudo.

Autor, diretor, ator e figurinista, o grande destaque é Xavier Dolan, que mais uma vez fala de maneira engraçada e delicada de um tema universal e, geralmente, espinhoso. Com depoimentos cortando a história, temos situações de amores não-correspondidos, terminados, tensos, imaginários… Todos contribuindo para um entendimento da situação de Francis e Marie. O uso da cor, do slow-motion, da trilha sonora e do figurino (em especial as peças vintage de Marie) dão o tom surreal da trama, no que poderia facilmente parecer falsa-modéstia de um diretor convencido, mas que surpreende e funciona como escolha artística e agente narrativo.

Aclamado em seu filme de estreia, o diretor de 21 anos confirma, nesta segunda empreitada, um talento inquestionável. Assistindo seus dois filmes, a única coisa a se lamentar é que ainda não exista um terceiro, um quarto, um quinto… Espero que ele tenha fôlego para manter tal padrão. Agora sempre que vir o seu nome em algum título, prestarei atenção.

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