Festival do Rio: O Ódio que você semeia – a palavra e a imagem convergindo contundências – Ambrosia

Festival do Rio: O Ódio que você semeia – a palavra e a imagem convergindo contundências

Adaptação do best-seller literário homônimo, O Ódio Que Você Semeia, da autora Angie Thomaz, chega aos cinemas para amplificar o alcance que o livro já conquistou. Livro e filme são “catalogados” como “jovens adultos” na segmentação de seus mercados, mas a história é tão maior que seu pré-requisito que o filme tem a espessura para um público amplo, especialmente pelas questões que milita.
A jovem Starr Carter (Amandla Stenberg) que vive com os pais e irmãos em um bairro que sofre com problemas de drogas e violência. Até por disso, ela e os irmãos foram matriculados em um colégio de uma área mais rica da cidade. Porém, tudo é abalado quando Starr testemunha o assassinato de Khalil (Algee Smith), um amigo de infância, por um policial branco, dando início a uma série de conflitos em sua região.
Tem sido interessante analisar como o cinema americano tem intensificado o assunto em suas pautas. Só no Festival do Rio desse ano, cerca de 5 produções “dedo na ferida na questão” tiveram ingressos esgotados (repetidas vezes). Essa pauta encontra sentido nesse filme pela questão prática que levanta: a falta de empatia social para com os negros e que isso significa cotidianamente não só na América de Trump, como no mundo como um todo.
Festival do Rio: O Ódio que você semeia – a palavra e a imagem convergindo contundências – Ambrosia
O roteiro consegue trabalhar o tempo inteiro com a emoção a seu favor, o que deixa os discursos proferidos ao longo da história menos solenes e mais objetivos.
A direção segura de George Tillman Jr, consegue extrair contrapontos críveis como a cisão que vai aparecendo aos poucos no ambiente escolar de Starr e seus maravilhosos e diálogos com pai (Russell Hornsby, excelente), que a estimula a sempre manter a cabeça erguida num método de intimidade muito bem sacado na dramaturgia. Pois é pelo preço que se paga para erguê-la numa América segregacionista que o resultado ganha tanta contundência.
É um filme de major (Fox) e baseado em livro campeão de vendas, ou seja, obviamente que carrega o DNA de filmes tipicamente “americanão”, mas até esses maneirismos funcionam como contraponto ao peso da história.
O Ódio Que Você Semeia é um serviço de utilidade pública. O olhar de Starr para tudo aquilo é o nosso olhar. Entre a revolta e a perplexidade. E o filme enverniza isso direitinho…

Avaliação: 4/5 estrelas

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