Quando foi lançado em 2018, o requel (reboot + sequel) Halloween já fora anunciado como uma trilogia. O filme retoma a saga Halloween do filme original de 1978, desconsiderando tudo o que veio depois. A trama teve em Halloween Kills a continuação direta, que deu a entender que essa trilogia reconhece também, em parte, Halloween II: O Terror Continua, o que causou uma certa confusão, mas esse não foi o principal problema, e sim falhas em sua narrativa. “Halloween Ends”, como o título já sugere, marca o final da saga da rainha grito Laurie Strode e seu bicho-papão Michael Myers.
Quatro anos se passaram desde o tenebroso Dia das Bruxas de 2018 e a cidadezinha Haddonfield, no interior de Illinois prepara seus festejos de Halloween ainda com a memória do último massacre.
Laurie (Jamie Lee Curtis) está morando com sua neta Allyson (Andi Matichak) e está terminando de escrever suas memórias. Laurie decidiu se libertar do medo e da raiva e abraçar a vida. Michael Myers não foi visto desde então. Contudo, quando um jovem, Corey Cunningham, é acusado de matar um menino que ele estava cuidando, isso desencadeia uma onda de violência e terror que fará Laurie enfrentar o mal de uma vez por todas.
O mínimo que se esperava do longa que se propõe a ser o desfecho de uma saga que começou com clássico absoluto de John Carpenter era algo épico. E o que se vê é uma trama mal explicada, personagens sem sentido, uma direção inexplicavelmente perdida. E a construção de clímax é feita de uma maneira tão equivocada que quando ele chega, não causa impacto algum.
O diretor David Gordon Green, que realizou uma direção digna de honrar John Carpenter no primeiro ato da trilogia, mas já havia cometido alguns deslizes em Halloween Kills, nesse novo longa está irreconhecível. E seu roteiro, escrito em parceria com Paul Brad Logan, Chris Bernier e Danny McBride, perde uma oportunidade de ouro de criar um Halloween denso, trabalhando como nunca antes a psique dos dois antagonistas criando um denso thriller psicológico. O mote da trilogia sugeria que esse seria o desfecho. Mas o trio preferiu seguir o caminho mais fácil, com situações manjadas tanto na franquia quanto no gênero.
Resta a Jamie Lee Curtis repetir sua versão durona de Laurie, em que não esboça um sorriso, ainda cativante, sempre remetendo ao filme de 1978, e ciente de que quando está em cena precisa segurar as rédeas da coisa para que não descarrile de vez. Os coadjuvantes pouco acrescentam, a começar por Allyson, que ganhou um arco sofrível na trama.
Por fim, Halloween Ends é o fim terroso de uma série de horror tão icônica. Se a ideia era de uma conclusão definitiva (pelo menos por enquanto), merecia mais esmero. Ele até possui o mérito de ser, dos três, o que menos se escora na nostalgia para funcionar, procurando se justificar por si só. Mas faltou coragem de arriscar, e isso no cinemão costuma até ser bom para os lucros, mas pode ser fatal para a imagem.
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