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“Inferno” não traz nada de novo, mas ainda assim funciona

Graças ao sucesso (e a polêmica) que obteve através de seu livro “O Código Da Vinci”, lançado em 2003, o escritor Dan Brown se tornou bastante atraente para Hollywood, que não perdeu tempo nem poupou esforços para convencê-lo a deixar sua obra ser adaptada para a telona. Assim, três anos depois, surgia a versão de “O Código Da Vinci”, com Tom Hanks personificando o protagonista da trama, o professor Robert Langdon, especialista em simbologia, que age como uma espécie de Indiana Jones acidental. O sucesso comercial fez com que Langdon voltasse em “Anjos e Demônios”, cujo livro é, na verdade, a primeira história envolvendo o personagem, mas que chegou aos cinemas como uma sequência, em 2009, também fazendo bonito nas bilheterias.

Logo, era uma questão de tempo para que outra história de Brown com Langdon fosse produzida, já que sua popularidade continua grande entre os fãs. Só que, ao contrário do que muitos esperavam, até por questões lógicas, o livro escolhido não foi o terceiro, “O Símbolo Perdido”, mas o quarto. Assim, chega aos cinemas “Inferno” (idem, 2016), que traz de volta Hanks, o diretor Ron Howard e boa parte dos envolvidos nos filmes anteriores. O filme está longe de ser espetacular, mas tampouco é ruim, ficando no meio-termo, já que, apesar da competente parte técnica, nunca chega realmente a empolgar, embora funcione como um inofensivo passatempo.

Quando a trama começa, vemos Langdon (Tom Hanks) já com alguns (e graves) problemas. Ele descobre que está num hospital em Florença, na Itália, com uma ferida na cabeça e não consegue se lembrar quando e como foi parar naquele lugar. Só que ele não tem muito tempo para pensar porque o local é atacado e, ajudado pela médica Sienna Brooks (Felicity Jones), que o conheceu quando era criança, o acadêmico consegue fugir.

A dupla resolve seguir uma série de pistas para entender o motivo do ataque, que está ligado aos planos do bilionário Bertrand Zobrist (Ben Foster) que, inspirado no universo criado por Dante Alighieri, autor de “A Divina Comédia”, resolveu espalhar um vírus mortal que pode reduzir drasticamente a população mundial. Langdon e Sienna correm contra o tempo para descobrir onde Zobrist pretende lançar a praga mortífera, ao mesmo tempo em que precisam escapar de seus perseguidores, antes que seja tarde demais para milhões de pessoas.

O problema de “Inferno” é que, tirando a questão da amnésia do protagonista, que o deixa mais vulnerável do que nos filmes anteriores e dá uma dinâmica diferente para o personagem, não há nada muito diferente do que já foi visto antes. Afinal, a história volta a girar em torno de uma conspiração orquestrada por pessoas de grande poder que realizam um grande golpe com inspiração em famosas obras de arte. Além disso, há diversas sequências de perseguição, que justificam as passagens dos personagens em várias locações pela Itália e Turquia, belamente fotografadas por Salvatore Totino, mas que nunca alcançam um nível de perigo e urgência que seja capaz de seduzir e eletrizar o espectador mais exigente. O diretor Ron Howard, que também comandou os dois filmes anteriores, assim como o roteirista David Koepp (responsável pelo texto de “Anjos e Demônios”), não faz nada de muito ousado, apenas o suficiente para garantir o entretenimento rápido e descartável de maneira competente. Nem mesmo as reviravoltas da trama são muito surpreendentes e, quem for um pouco mais escolado em filmes de suspense, vão adivinhar as surpresas antes da hora. Outro problema está no ritmo do filme, que dá uma desacelerada a partir de um certo momento da história. Mas, felizmente, recupera o fôlego na parte final, deixando a produção mais interessante. Vale destacar também a ótima trilha sonora assinada pelo bamba Hans Zimmer, que mistura instrumentos clássicos com outros mais modernos como guitarras e sintetizadores, obtendo um bom resultado.

Outro destaque positivo de “Inferno” está na bem sucedida formação de seu elenco. Tom Hanks se mostra bem mais confortável como Robert Langdon, ainda mais se compararmos com sua atuação um pouco fora do tom em “O Código Da Vinci”. Felicity Jones se revela uma boa parceira de ação para o protagonista com bastante carisma e mostra que sua carreira está realmente em ascensão (ainda mais depois da indicação ao Oscar de Melhor Atriz por “A Teoria de Tudo” e vai certamente estourar como a estrela de “Rogue One: Uma História Star Wars”). Ben Foster sabe como poucos atualmente fazer um vilão desequilibrado e assustador e, aqui, ele não decepciona.

Mas os principais destaques, assim como nos outros filmes da série, estão nos personagens coadjuvantes. Omar Sy está muito bem na pele de Christoph Bruder, um agente a serviço da Organização Mundial de Saúde, que está no encalço do acadêmico e sua companheira. A dinamarquesa Sidse Babett Knudsen mostra que tem presença como a Dra. Elizabeth Sinskey, que também está bastante interessada em descobrir o paradeiro de Langton, assim como Irrfan Khan, que interpreta Harry Sims, um misterioso empresário que está ligado aos planos de Zobrist.

“Inferno” não é melhor nem pior do que “O Código Da Vinci” ou “Anjos e Demônios”, ficando como apenas mais um capítulo qualquer do universo criado por Dan Brown. Mas deve agradar ao público que só deseja se divertir com uma trama de suspense bem produzida e apenas correta, no fim das contas. Provavelmente veremos Langdon novamente nos próximos anos. Ele só poderia nos brindar com algo um pouco mais instigante do que tem apresentado até então.

Filme: Inferno (Inferno)
Direção: Ron Howard
Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Ben Foster, Omar Sy, Sidse Babett Knudsen, Irrfan Khan
Gênero: Suspense
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Sony Pictures
Classificação: 14 anos

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